segunda-feira, janeiro 31, 2005

proj.: criar e desenvolver um sistema de signos do imaginário

ANA CLÁUDIA CALDELAS ARAÚJO

Para o projecto final, proponho-me criar uma narrativa visual, através da ilustração e da animação ( desenho animado, animação tridimensional ou animação digital; ainda por decidir). O projecto acentará em 2 fases: - numa primeira fase, será criado um livro de ilustração; - numa segunda fase, a narrativa e todo o universo formal/figurativo das ilustrações, será transposto e desenvolvido no filme de animação. Proponho criar e desenvolver um sistema de signos do imaginário; criando com eles uma narrativa, exprimindo o imaginário no seu estado mais puro. A narrativa apoiar-se-á na criação de personagens retiradas do meu imaginário e do meu mundo. Farei uma caracterização e uma “caricaturização” desses personagens. Esta é uma das possibilidades para a base e desenvolvimento da narrativa. Mas proponho, neste momento, ainda se manter em aberto os conteúdos da mesma, para eventuais alterações. Segundo estes pressupostos o meu projecto apoiar-se-á em mais que uma área de projecto. Inserir-se-á principalmente sobre a área_ “Multimédia e Artes do Tempo” e em _”Narrativas Visuais”; como poderá também estar inserido na área de “Design Editorial” ( na criação e paginação do livro de ilustração). Proponho ainda, como complemento (da ilustração e da animação), a criação de material de divulgação (cartazes, flyers...).
fbaup, janeiro de 2005.

proj. Vou filmar e fotografar o que for possível

Maria Joana Marques


Tenho tentado concentrar-me sobre o que poderei desenvolver na FBAUP aquando o meu regresso. Sabendo que este trabalho tem uma grande importância e sabendo que vou trabalhar nele durante meses fica complicado escrever este texto. A verdade é que neste momento tem sido complicado sentir-me segura e determinada relativamente as minhas ideias para o projecto do segundo semestre.
O facto de ainda estar em ERASMUS e a desenvolver o projecto de fim de primeiro semestre em St Etienne, não me deixa distanciar deste mesmo projecto para pensar em algo totalmente diferente. Assim, todas as ideias que surgem estão relacionadas com o trabalho “Inventez St Etienne”. Sinto uma forte vontade de continuar este projecto, fazer diferentes experiências que conseguiria fazer se houvesse mais tempo para isso!

A primeira ideia surgiu quando se proporcionou fazer uma viagem antes de regressar a Portugal. Como possivelmente vou estar em países diferente, República Checa, Áustria, Polónia e mais tarde Portugal pensei de imediato em tentar capturar imagens de outras janelas e de pessoas no interior de suas casas assim como capturei em França (St Etienne). Deste modo ficaria com mais imagens do mesmo género, filmadas em países diferentes, o que me daria material para um possível paralelismo. Posso procurar situações idênticas ou não entre cada filmagem. Com bastante material com certeza se iriam proporcionar outras ideias que neste momento nem imagino! Mesmo que o meu trabalho final não se desenvolva a partir destas ideias, vou filmar e fotografar o que for possível.
A segunda ideia partiu de um filme que fiz onde se vêem duas janelas do prédio que tenho filmado bastante próximas. O facto de ter feito zoom sobre essas janelas proporcionou uma visão mais ou menos clara (porque apenas se reconhece silhuetas a maior parte do tempo) do que se passa no interior de uma casa. Dei por mim a pensar, naturalmente, sobre o que de facto se passava ali. Então lembrei-me que se visse o mesmo vídeo mas com sons diferentes as interpretações sobre as mesma imagens seriam diferentes. No fundo que queria mostrar a importância que o som tem sobre uma imagem e a maneira como ele nos pode fazer pensar diferentes coisas apesar de vermos o mesmo.
Concluindo, sinto que gostava de pesquisar e de experimentar ideias que não tenho oportunidade de concluir cá. Tenho a certeza que com o passar do tempo, com novas imagens e com as conversas que vou ter com os professores estas ideias iniciais vão sofrer bastantes alterações, mas deixo por escrito aquilo que neste momento gostaria de fazer durante os próximos meses.


fbaup, janeiro 2005

project. nova imagem de cidade relacionada com os seus cidadãos

Daniela Cardoso


Um intrincado código gráfico gerado espontaneamente luta por atrair a nossa atenção, desde os graffitis, aos restos de uma arquitectura pretérita, publicidades não vigentes e variadíssimas amostras de índole diversa. Certo é, que abundam as de signo patológico, reflexo de quem habita nelas. Se o homem sinaliza a cidade para as entender, cabe perguntar-se, se a cidade emite sinais para entender os seus habitantes.
O porto é uma como muitas cidades do mundo herdeira de uma vasta tradição histórica de monumentos, crenças, costumes. Como muitas outras cidades, não concilia da melhor da melhor maneira a tradição, com a vanguarda, o design e modernidade. Por outro lado é uma cidade que se tem empenhado por estar a par das novas tecnologias e inovações e precisa de ter uma imagem de marca que seja uma referência para uma cidade que comunique modernidade e não deixa de menosprezar e desrespeitar o seu passado. O estilo de cidade que emprega estes aspectos pode ser uma forma de comunicação com os seus habitantes e todos aqueles que a visitem. Pretende-se que seja uma comunicação fluida, acessível e pratica para com os seus cidadãos. Cidade é sinónimo de partilhar as diferenças económicas, sociais, religiosas dos seus habitantes e essa é uma das directrizes a seguir.
Quero abordar neste trabalho uma cidade dinâmica, solidária e diversificada. Publicitar e promover uma cidade mais empreendedora e com mais oportunidades para todos.
Essencialmente a publicidade tem como objectivo produzir uma ideia estratégica colocada em várias formas, para surpreender, atrair e informar. Existem quatro tipos de publicidade: aviso, informação, lembrança e promoção. O princípio geral é consciencializar ao interromper a rotina do observador, agarrando a sua atenção.
A imagem é um valor único, imprescindível, actual, que hoje urge como necessário para a cidade e os cidadãos. A imagem é pois uma ideia vital. Um valor pensado, meditado proposto para uma cidade que temos e queremos. Um valor público para todos e com todos. Um valor formado com os plurais dos cidadãos com absoluta tensão e abertura, um valor de resposta do passado, presente e futuro. Um valor que implica a construção de uma cidade empreendedora, culta, democrática, solidária e que traça um horizonte de esperança.
O plano de trabalho consistirá numa pesquisa sobre o seu passado e presente, centrarei as minhas prioridades numa investigação e análise dos comportamentos, hábitos e costumes dos cidadãos. Também procurarei promover a regeneração de locais degradados dentro da cidade, usando o design de comunicação para consciencializar os seus habitantes dos problemas existentes. Pretendo que desta forma consiga transmitir uma nova imagem de cidade relacionada mais directamente com os seus cidadãos, para que estes percebam que fazem parte dela e que eles também podem contribuir para a alterar e modificar.

fbaup, janeiro 2005

proj. O CAMPO EXPANDIDO DO CORPO/TRANSMUTAÇÕES

Bruno Oliveira


Ao longo dos últimos anos fomos assistindo a uma recorrência da temática ligada ao corpo em diferentes áreas da chamada produção cultural, numa configuração com perspectivas distintas mas sempre com uma intensidade notável. Este facto pode ser entendido como mero resultado das marés que vão procurando renovar ciclicamente o cardápio das indústrias culturais, ou então, como eu prefiro, integrado num movimento menos superficial e de mais longa duração que é sobretudo sintoma de uma crise da ideia que vamos continuamente construindo à volta do que possa ser o nosso corpo.
Como explicar esse movimento constante à volta de uma ideia do corpo que se foi tornando cada vez mais difusa, ao ponto de nos obrigar até a pensar sobre a eventualidade (para alguns fatalidade) do desaparecimento do seu objecto?
Essa crise leva-nos a colocar a hipótese de um estado pós-humano, uma outra forma de nos referirmos ao desvanecimento do corpo. Mesmo sem recorrer aos lugares-comuns da ficção científica é possível detectar um sem número de sinais dessa condição pós-humana e a sua simples enumeração seria assunto para todo um outro texto. Sistematizando, podemos associar esses sinais ao deslocamento e ao desvanecimento das fronteiras que nos habituámos a desenhar em redor da ideia do corpo, limites esses fundamentais para a construção de uma identidade distintiva do humano. Essa batalha intensa que faz do organismo humano campo de acção participa na reconstrução e desfocagem, por exemplo, da velha dualidade cartesiana entre corpo e mente, da oposição entre orgânico e mecânico (o homem e a máquina), ou mesmo da linha de separação entre a vida e a morte.

Como qualquer identidade, também a ideia do humano se definiu sempre por oposição àquilo que lhe era pretensamente exterior.

Podemos verificar um movimento distintivo vertical (ascendente em direcção ao divino e descendente no sentido da animalidade), e um outro horizontal (face as coisas que nos rodeiam). Enquanto que no movimento vertical estaria sempre presente um sentido latente da coisa viva, no movimento horizontal seríamos confrontados com a coisa inanimada. Ora, é neste movimento horizontal que podemos encontrar o desafio mais espantoso que a ideia do corpo, e por arrastamento uma certa identidade do humano, vão enfrentando. Pois não é exactamente no domínio dessa horizontalidade que se encontram todos os objectos inanimados que vão entretanto reclamando uma vida própria, quando não mesmo uma fusão com os nossos próprios corpos? Pois não podem essas coisas ser uma coisa que pensa (em boa medida uma negação daquilo que entendemos por uma coisa)? E não são muitas delas pensadas como uma metáfora da complexidade dos nossos próprios organismos (bastaria aqui dar o exemplo das chamadas redes neuronais)?

A matematização crescente da realidade, expressa através de uma abstracção reduzida aos zeros e uns da computação, tem tido neste processo de criação da ideia de um corpo pós-humano um papel fundamental. Digamos que essa sequenciação numérica foi o último passo para que possamos afirmar que a informação não tem corpo, levando-nos a acreditar que esta pode circular inalterada entre diferentes substractos materiais. Esta imunidade da informação digital perante os diferentes substractos físicos dos seus canais, é identificada através do termo metamorfopsia digital – perturbação perceptiva que se traduz na modificação deformante da visão das formas, das dimensões de objectos ou de pessoas; movimento imparável através do qual quaisquer mutações deformantes da realidade e das suas representações se tornam indiferentes face à natureza niveladora dos zeros e uns da computação.

Gostaria antes de utilizar a expressão campo expandido do corpo para definir essa situação, escapando assim ao prefixo do pós-humano.

Se o corpo replica aquilo que lhe é exterior para melhor assegurar a sua sobrevivência, podemos afinal dizer que a nossa porta com o mundo habita já o limbo dos canais de comunicação onde circula a informação incorpórea? Será que de algum modo podemos falar da desmaterialização do nosso próprio corpo? Será que é isso que representa esse campo expandido do corpo?

A única forma de entender essa deriva do corpo num campo expandido de possibilidades é escapando à fatalidade tecnológica que nos parece impôr um modelo evolutivo (dissolutivo) para o corpo. Teremos assim o imperativo de uma desfatalização da tecnologia.

Não podemos falar de uma desmaterialização do corpo mas antes de uma rematerialização que obriga a um entendimento diferente da identidade humana. A conceptualização digital do corpo obriga-nos a refletir novos conceitos de mediatização do real, merecendo uma reactualização a partir de um triângulo de complementaridades (percepto–afecto–concepto) capaz de o libertar dos riscos empobrecedores causados pela metamorfopsia digital.

Finalmente, depois de dissolvida a nitidez das distinções entre entre a pretensa solidez do real e a ilusão volátil do virtual, entre a abstracção do digital e a figuração analógica, ou entre a sensualidade do orgânico e a frieza do inorgânico, renova-se o interesse pelo trânsito entre as diversas polaridades formadas de um lado e do outro dessas linhas que ganharam agora espessura. Os movimentos sem destino entre esses territórios aparentemente apartados fazem-se sobretudo na membrana que os une e separa, constituindo assim um campo aberto de possibilidades para o corpo. Devemos pois recordar que o corpo é, apesar de tudo, ainda o lugar e o motor da experiência e que essa membrana é cada vez mais o espaço que ele habita. Aliás, é no espaço entre as coisas que melhor se realiza a deriva e só aí seremos capazes de compreender o campo expandido do corpo.

É com base nesta pequena reflexão sobre o corpo, como suporte e meio de expressão que tento establecer um paradoxo entre o real e não real, a identidade pessoal e até que ponto esta se entrusa com a nossa entidade física, o mediado e o não mediado (ou o minimamente mediado).

Dentro de um ponto de vista narcísico, relativos à expressão da imagem, o registo gira em volta da expressão, sendo essa própria expressão, transmutações do real. Ou seja, assumem um papel de irreconhecimento do espectro do real, dentro da própria imagem e daquilo que lhe é exterior. Assume-se uma ilusória adaptação ao corpo em específicos momentos, demonstrando uma necessidade de ruptura.

Consequentemente, a imagem corpo torna-se um mediador incontornável do discurso da personagem sobre sí próprio; essa imagem modifica-se de acordo com as necessidades defensivas que a mesma personagem experimenta.

FBAUP, janeiro 2005

proj. PORTO CÍVICO

Daniela Graça

O projecto que me proponho desenvolver neste ano tem como principal tema o civismo. O civis-mo na cidade do Porto e, mais especificamente, daqueles que a habitam e visitam.

Sendo natural e residente na cidade do Porto, acompanhei de perto os problemas que esta vive, e fui desenvolvendo um crescente desagrado e desgosto pela cidade e pelos que contribuem para o que ela é, sejam estes habitantes ou meros visitantes. Passear pelas ruas deixou facil-mente de ser um prazer, para se transformar em viagens indispensáveis aos locais necessários, que fazia com os olhos colados ao chão, não fosse pisar algo que ajudasse a acentuar a minha
renitência em viajar/sair, e com a certeza de que quanto mais rápida fosse a viagem, menor seria o meu sofrimento.
Em termos ambientais, a qualidade de vida na cidade do Porto é fraca. Não me refiro neces-sariamente ao que concerne o sistema de recolha e separação dos lixos realizada pelas ins-tituições competentes. Considero que o problema primordial reside numa fase anterior, e se relaciona com o comportamento que cada cidadão (não ou mal) desempenha neste processo
comunitário. Os nossos problemas ambientais são, acima de tudo mais, problemas comporta-mentais.

Existem vários problemas que pretendo solucionar. As formas como o farei dependerão de cada um deles. Procurarei o meio de comunicação que melhor representar a solução encontrada para um determinado problema, seja este um já existente e globalmente aceite, ou um inovador, ainda por experimentar.
O processo para a realização do projecto desenvolver-se-á seguindo os pontos:
QUADRO A
1º Identificação do problema.
2º Análise/Compreensão do problema.
3º Solução para o problema.
4º Selecção do meio de comunicação adequado à divulgação da solução (este ponto está direc-tamente relacionado com o ponto 3º do quadro B).

QUADRO B
1º Identificação do público-alvo.
2º Análise/Compreensão do público-alvo.
3º Selecção do meio de comunicação adequado ao público-alvo (este ponto está directamente relacionado com o ponto 3º do quadro A). A solução encontrada para cada um dos problemas deverá ser capaz de alertar, sensibilizar,
ensinar, orientar e comprometer o público-alvo. Creio que o objectivo que gostaria de atingir pode ser um tanto ou quanto utópico, mas gostaria de o manter pelo menos quanto à função e, se necessário restringi-lo no ângulo de abrangência.
Pode, aos olhos de alguns, parecer um exagero. Não me surpreende ou ofende que alguém o considere assim. Mas esta é realmente uma questão que há muito tempo me mói o pensamento e dilui o gosto pela cidade onde nasci, vivo e, provavelmente morrerei. Não pretendo transmitir uma visão fatalista. Pelo contrário. A possibilidade de fazer algo para solucionar uma série de problemas cívicos na e da cidade do Porto dá-me o alento e optimismo quase perdidos num
passado recente.

FBAUP; Janeiro de 2005


Projecto:como o espectador age/reage perante novas formas cinematográficas?

Alexandra Ribeiro

Manifesto de (possíveis) intenções para o projecto de fim de curso

Umas costas curvadas. Uma nuca irriquieta, hesitante. Uma respiração ritmada por un nervosismo contido que nos incomoda, que nos agita, que nos prende. Apenas ela e a sua hesitação.
Sem saber por onde começar, não vejo uma melhor opção do que descrever uma cena do filme “A Pianista” do realizador alemão Michael Haneke. Numa cena de uma intensa, mas contida dramatização, a actriz Audrey Hupert coloca-se, após determinado tempo de acção, de costas voltadas para a cãmara. Apenas vislumbramos por alguns instantes parte do seu rosto. Toda a intensidade da acção e da representação está situada na tensão demonstrada na sua nuca hesitante e irriquieta. O impacto daquelas costas voltadas para nós, acompanhado da total ausência de artifícios, leva a tensão da cena a um nível sustentado apenas por uma brilhante representação.
Numa primeira visualização do filme talvez não seja notada a ausência de Banda Sonora num filme onde a música é patente e se não parte protagonista do tema do filme, pelo menos com bastante contributo para tal. Sabemos que cada cena incomoda, que cada cena e cada personagem nos liga de um modo estranho a um mundo por certo diverso do nosso. Sentimos os diferentes estados de espírito das personagens de um modo próximo e sufocante. Porquê num filme onde naturalmente esperamos que haja música ela aparece somente no seu estado mais natural e puro, ou seja, enquanto acção desenvolvida pelos actores? Porque é exactamente no estado puro que o realizador Michael Haneke, pretende que as suas personagens sejam sentidas pelo espectador. Numa entrevista dada onde se aborda este mesmo assunto, o realizador fala sobre o impacto da música no meio cinematográfico, e como esse mesmo impacto pode ser a escapatória para muitos filmes de qualidade cinematográfica ou de representação duvidosa, deixando a representação visual para um segundo plano de importância.
O esforço representativo que cada actor faz para que as suas emoções sejam transpostas do ecrã para o público demonstra uma forma diferente de cinema. Um cinema mais puro, mais pessoal, mais emotivo. No cinema Europeu esta modalidade tem ganho cada vez mais adeptos, como o caso de realizador Lars von Trier e com um dos percursores do cinema Dogma 95, o falecido cineasta Stanley Kubrick.
Manifestando um (possível) desejo de integrar estas reflexões num projecto, gostaria de abordar como o espectador age/reage perante novas formas cinematográficas, mais puras ou mais digitais. A procura de novos formatos, de novas representações, de novas formas de narrar uma história, assim como a integração do espectador enquanto agente participativo de forma mais directa ou menos, passam igualmente por pontos a reflectir e a desenvolver no meu projecto, com uma referência clara ao cinema Dogma 95 e aos seus sucessores.
Não querendo vincular-me a um projecto pensado sem grande reflexão, apenas com um gosto especial ligada à área, termino assim estas minhas possíveis intenções.
FBAUP janeiro 2005

Projecto: Violência e suas vítimas

Projecto Pessoal Lígia Costa

Tema: Violência e suas vítimas

“Listen to the quiet voice”_ frase atribuida
“O universo não é ideia minha. Ideia minha é a ideia que eu faço do universo” _Fernando Pessoa

“O que distingue o trabalho do designer passa a ser o sentido de “mensagem a transmitir” e o de investigação dos melhores meios de a transmitir. Pode ainda ser considerado um trabalho social responsável.” _ Beatriz Gentil

O meu projecto pretende ter uma forte vertente social. Como futura designer defendo que somos responsáveis pelo que transmitimos, mas também pelo que não transmitimos e por isso ignoramos. Acredito que o nosso “olhar” e atenção poderá dirigir e orientar as opções da sociedade em rede, como criadores de mensagens, o nosso objectivo deverá ser não só a captação da atenção do espectador, mas também, passará por obrigá-lo a reagir perante tal mensagem, tarefa que não está facilitada nos dias de hoje, já que no meio deste “turbilhão imagético” actual, é complicado que a nossa mensagem consiga chegar ao espectador de forma eficaz. O meu projecto quer ser provocatório, quer convocar os sentidos, provocar reacções, revoltas, mas acima de tudo quer suscitar atitude.

Começarei por contactar a Associação Portuguesa do Apoio à Vítima (APAV), com o intuito de conseguir uma aliança de esforços, ou seja, pretendo trabalhar junto deles para que o meu projecto atinja o seu principal objectivo – o de chegar ao público em geral e às vítimas silenciosas em particular, da forma mais eficaz possível ao ponto de provocar a atitude. Pretendo também recorrer a uma psicóloga para uma análise mais especializada dos casos apresentados, para uma resposta mais adequada.

Na prática o meu projecto passará por diferentes fases, a que eu denominarei como:
• Fase um
- Investigação de campo, que passará pela recolha de casos reais junto das vítimas.
• Fase dois
- Selecção dos dados recolhidos a serem trabalhados.
• Fase três

- Colocação em prática dos resultados obtidos na fase um e dois, criando assim um a série de eventos no sentido de provocar uma tomada de consciência, mas acima de tudo uma tomada de atitude.
Para a realização deste projecto usarei fotografia, vídeo, som, e todas as técnicas que posteriormente achar pertinentes para a sua realização.
Apesar de ter a noção de que o tema violência já foi explorado demasiadas vezes, penso que enquanto ela existir nos números em que ela ainda existe, e falo de 40 crimes por dia, ainda será pertinente para nós humanos, e para nós, designers (criadores de mensagens), não deixarmos que a violência se banalize a tal ponto que nos cause indiferença. A nossa obrigação será causar revolta, será explorar o assunto em tempo e técnica certa e de forma precisa, que leve o desconforto aqueles que não são vitimas, e que provoquem reacção aqueles que já o são.
O meu projecto será uma forma de combate a essa indiferença actual, é um projecto ambicioso que procura resultados a médio/longo prazo, que busca a denuncia, para que esta seja a voz dos que se silenciam e que por isso são cúmplices dos covardes.
Pretendo também que este projecto seja o início de muitos em prol de causas como estas, infelizmente comuns, mas que nem por isso devem ser banalizadas nem esquecidas. Este projecto será um alerta à sociedade actual, que em tantos sinais se aparenta evoluída, e em outros se revela tão desprovida de tal evolução.
O meu apelo será para que todos nós estejamos atentos aos sinais silenciosos que as vítimas nos enviam...reveladores, muitas vezes, de um pedido tímido de ajuda.

IMPORTANTE! Publicaçao dos projectos no blog

Quem pretender ver publicado o seu projecto no nosso blog, deve:
enviar em formato word ou rtf, até 2000 carateres, para
rangel@istoe.pt

Obrigado Adriano Rangel

Projecto: Design como instrumento de analise e reflexao social

Trabalhar o design como instrumento de análise e reflexão social ‹‹área de intervençãona vida››* é o objectivo do meu projecto individual. Ou seja, não reduzir o design a um produtomeramente objectual, mas sim consciencializador de determinados assuntos ou matérias.‹‹A sua natureza de disciplina intimamente ligada com a vida de todos-os-dias confere-lhe uma autoridade quemuitos campos não têm››, Significado do Design, Maurizio Vitta*.Pegando nesta direcção ao nível do design, proponho abordar um grande tema – ACondição Humana – que se pode desdobrar em sub-temas, como por exemplo, a humanidade,a existência, a efemeridade, as simbioses homem/natureza...Em função de leituras efectuadas, partilho duas citações do livro ‹‹A CONDIÇÃOHUMANA›› de Hannah Arend:‹‹A terra é a própria quinta-essência da condição humana e, ao que sabemos, a sua natureza pode sersingular no universo, a única capaz de oferecer aos seres humanos um habitat no qual eles podem mover-se erespirar sem esforço nem artifício››, pág. 12/13.‹‹O artifício humano do mundo separa a existência do homem de todo o ambiente meramente animal;mas a vida, em si, permanece fora desse mundo artificial, e através da vida o homem permanece ligado a todosos outros organismos vivos››, pág. 13.A relação Homem/Terra/Natureza pretende ser abordada de um ponto de vista activo,na ordem das relações, acções, intervenções e mudanças, que o Homem preconiza comoanimal efémero, do ponto de vista individual, mas ao mesmo tempo eterno (que perdura notempo), do ponto de vista colectivo. É nesta intensa intervenção (acções que perduram etransformam o mundo/terra) que a análise será efectuada de uma forma crítica, elaborandouma reflexão individual, mas que ao ser partilhada (através de um meio) pretende ser ouproporcionar uma reflexão colectiva e consciencializadora destes assuntos.Poderá ser prematuro referi-lo, mas a vontade dirigi-se para uma simbiose da teoriacom a práctica, sendo a segunda direccionada para o audiovisual, o campo expositivo, maispropriamente o documentarismo. A justificação desta opção resume-se em primeira instânciapor uma adptação ‹‹dos conteúdos›› à prática e também por um interesse particular pelocinema documental, especialmente o poético e o experimental - representação da realidadeatravés de binómios realidade/representação, verdade/ponto de vista,objectividade/subjectividade, etc. Ou seja, fazer um discurso sobre o mundo, ultrapassandoas fronteiras da mimésis, representando-o (independentemente do tema) sob um olhar particularou individual, com elementos expressivos, subjectivos e reflexivos. Em suma, fazer colidir ateoria social com a experimentação formal. ‹‹área de intervenção na vida››* é o objectivo do meu projecto individual. Ou seja, não reduzir o design a um produtomeramente objectual, mas sim consciencializador de determinados assuntos ou matérias.‹‹A sua natureza de disciplina intimamente ligada com a vida de todos-os-dias confere-lhe uma autoridade quemuitos campos não têm››, Significado do Design, Maurizio Vitta*.Pegando nesta direcção ao nível do design, proponho abordar um grande tema – ACondição Humana – que se pode desdobrar em sub-temas, como por exemplo, a humanidade,a existência, a efemeridade, as simbioses homem/natureza...Em função de leituras efectuadas, partilho duas citações do livro ‹‹A CONDIÇÃOHUMANA›› de Hannah Arend:‹‹A terra é a própria quinta-essência da condição humana e, ao que sabemos, a sua natureza pode sersingular no universo, a única capaz de oferecer aos seres humanos um habitat no qual eles podem mover-se erespirar sem esforço nem artifício››, pág. 12/13.‹‹O artifício humano do mundo separa a existência do homem de todo o ambiente meramente animal;mas a vida, em si, permanece fora desse mundo artificial, e através da vida o homem permanece ligado a todosos outros organismos vivos››, pág. 13.A relação Homem/Terra/Natureza pretende ser abordada de um ponto de vista activo,na ordem das relações, acções, intervenções e mudanças, que o Homem preconiza comoanimal efémero, do ponto de vista individual, mas ao mesmo tempo eterno (que perdura notempo), do ponto de vista colectivo. É nesta intensa intervenção (acções que perduram etransformam o mundo/terra) que a análise será efectuada de uma forma crítica, elaborandouma reflexão individual, mas que ao ser partilhada (através de um meio) pretende ser ouproporcionar uma reflexão colectiva e consciencializadora destes assuntos.Poderá ser prematuro referi-lo, mas a vontade dirigi-se para uma simbiose da teoriacom a práctica, sendo a segunda direccionada para o audiovisual, o campo expositivo, maispropriamente o documentarismo. A justificação desta opção resume-se em primeira instânciapor uma adptação ‹‹dos conteúdos›› à prática e também por um interesse particular pelocinema documental, especialmente o poético e o experimental - representação da realidadeatravés de binómios realidade/representação, verdade/ponto de vista,objectividade/subjectividade, etc. Ou seja, fazer um discurso sobre o mundo, ultrapassandoas fronteiras da mimésis, representando-o (independentemente do tema) sob um olhar particularou individual, com elementos expressivos, subjectivos e reflexivos. Em suma, fazer colidir ateoria social com a experimentação formal.
Dária Joana Teixeira Salgado
Janeiro 2005

Projecto: Natureza inserida no espaço da cidade

Projecto pessoal a realizar entre Fevereiro e Junho de 2005
Tema / Local: Jardim Botânico do Porto
Na escolha deste projecto o ponto de partida é a natureza; uma natureza inserida no espaço da cidade, logo com características peculiares, e sendo um jardim botânico – que por definição é um espaço onde se estabelecem colecções de plantas vivas originárias de várias regiões do mundo, para estudo e adaptação – desde o inicio promete um objecto de estudo diverso e complexo.
Numa primeira abordagem pretendo iniciar uma recolha de imagens; fotografias (digital e analógica), video e desenho além de testemunhos e sons ambientes, este processo terá uma duração longa podendo mesmo ser uma recolha constante durante os próximos meses pois as cambiantes e transformações temporais do espaço do jardim serão eventualmente objecto de estudo.Este processo de recolha / colecção será acompanhado por pesquisa de diversos elementos: contexto histórico, estudo de significados misticos, religiosos de determinados espécimes, propriedades medicinais e aplicações, análise de imagens já mediatizadas provenientes de ilustrações (utilização de imagens reproduzidas como fonte - a natureza mediada pela história de arte) ou diagramas cientificos e estudo das microestruturas das plantas e consequente abstração e poetização.Apesar de estar relativamente expectante em relação ao que o próprio espaço me fornecerá como complemento de trabalho; gostaria de elaborar um ou mais objectos de carácter documental que de acordo com os diferentes processos de mediatização a utilizar e testemunhos conseguidos terão resultados com aspectos objectivos provenientes da observação e subjectivos, creio que um dos resultados do processo de trabalho será também uma série de elementos diferentes com um carácter geográfico, e eventualmente “enciclopédico e classificável”.Para além deste trabalho de recolha e no seguimento dos primeiros contactos com o presidente do Instituto de Botânica do Porto que demonstrou interesse no desenvolvimento e / ou melhoria do “site” do Jardim Botânico o que a acontecer irá depender essencialmente quer das necessidades da instituição quer da exequibilidade do site e mesmo da sua relação com o resto do projecto; da soma destes factores dependerá a sua execução.Assim tentarei estabelecer uma conciliação do meu projecto com algo mais abrangente e transversal, relacionando o Design e Ilustração com a Botânica, Biologia, Paisagismo, Ecologia e Sistemática.Posto isto creio que será prematuro definir uma ou mais áreas de trabalho dentro das que foram propostas inicialmente, pois se técnicamente irei essencialmente recorrer a áreas como a fotografia, o video e a ilustração, temáticamente creio que irá abranger um pouco de todas elas.
Sofia Leal, 5º ano Design FBAUP, 19/01/2005

quarta-feira, janeiro 19, 2005

Datas e instruções várias....

Dia 20 de Janeiro (Quinta), 16h30:
Forum geral do 5º ano de Design para discussão das propostas de projecto.
A comparência de todos os alunos e docentes do 5º ano é obrigatória.
Este dia é igualmente o prazo limite para apresentação das propostas por escrito (cerca de 2.000 caracteres).

Desmontagem da exposição no Museu:
a desmontagem está marcada para Quinta-feira às 9 horas da manhã, e está sob responsabilidade das alunas Cátia e Bárbara. Pede-se a todos os alunos que têm trabalho exposto no Museu que o levantem entre as 9 e as 10 horas. Pede-se em especial aos alunos que têm material pesado na exposição (televisões, computadores, molduras pesadas, ...) que compareçam a esta hora e tratem eles próprios da desmontagem.

Erasmus 14 de Fevereiro:
Está marcada a sessão de apresentação de trabalhos de alunos regressados de Erasmus: dia 14 de Fevereiro. Mais pormenores em breve.

Rapaziada . s. f

Rapaziada s.f. Partir de um ponto tangível sem direcção aparente, com o intuito de desviar o olhar daquele que parece ter-se esquecido que a estatuária de gesso está a apodrecer num canto cheia de pó. Elogiar a ferida em detrimento da maquiagem, usando ferramentas meticulosas de representação, como armas surpresa para abanar com a consciência apática de quem se embriagou pela imagem. Oferecer um prato de rojões marinados em vinho verde tinto a quem se habituou a viver com sanduíches de estação de serviço. Retratar lixo como kits hi-tec e rapazes como princesas de revista, fazer dos modelos a história, ou melhor, fazer história nenhuma.
A pergunta persiste, será que devemos promover as imagens ou elas é que nos devem levar às costas? Os mais comodistas arranjam um Sansão para as transportar de porta em porta, os mais frenéticos esforçam-se por distribui-las em fracções de segundo para todo e qualquer espaço que não ocupe lugar. As facções puxam as pontas aguerridamente tentando chegar à margem. Esquecem-se que para tanta força tanta, mais valia saltar à corda. Felizmente não me cabe a ingrata tarefa de transportar a resposta, mas de repetir a pergunta vezes sem conta até que ela se torne absurda e saia de cena.
Sobra pouco para ver nos dias que correm, ou se armazena na dispensa dos costumes ou se espera que passe silenciosamente ao nosso lado.

terça-feira, janeiro 18, 2005

Rapaziada - projecto Rui Silva


rapaziada, originally uploaded by quintoanodesign.

segunda-feira, janeiro 17, 2005

18 de Janeiro - visitas comentadas

Visitas Comentadas à Exposição de 5º ano
18 de Janeiro (Terça)
Horário:

10 às 12 horas (com a presença de Adriano Rangel, Eduardo Aires e e Vítor Almeida)
17 às 19 horas (com a presença de Beatriz Gentil, Heitor Alvelos, Vítor Almeida e Vítor Martins)
O ponto de encontro, quer às 10 horas, quer às 17 horas, será o Museu da FBAUP.

Estas visitas seguirão o seguinte percurso:
1 - Museu da FBAUP
2 - Sala 401
3 - Estúdio de Cine-vídeo
4 - Aquário

Salienta-se que a distribuição de alunos por docentes/turores terá início dia 26 de Janeiro, em reunião de professores. A lista será divulgada nos dias seguintes.

terça-feira, janeiro 11, 2005

Teoria e História do Design

Por Teoria e História do Design entendemos, neste contexto, toda a justificação teórica e inserção histórica dos projectos a realizar.
        
Para falarmos em inovação ou descoberta temos que saber o que está para trás na História do Design, o que já existe, as razões porque existe, as condições que provocaram as correntes artísticas que apoiaram a maior revolução no Design, ou mesmo que fizeram com que o Design fosse considerado uma disciplina autónoma, diferenciada das Artes que até aí o tinham englobado.

A teoria que sustenta os projectos que vão ser desenvolvidos basear-se-á em teorias que já foram debatidas, aceites ou rejeitadas em tempos diferentes da História e na evolução dessas teorias de acordo com as formas de organização da vida das comunidades, o desenvolvimento das tecnologias e o papel preponderante da comunicação provocado por alguns desses desenvolvimentos.
O indiscutível primado da imagem sobre o texto a que temos vindo a assistir responsabiliza-nos sobre conteudos e manipulação de significados. O designer não é mais um transmissor de mensagens, é um criador de mensagens.
        
Sabemos que, por exemplo a fotografia, desde os seus primeiros tempos  foi alvo de manipulação, com melhores (qualidade da fotografia) ou piores intentos (subverter a História).
Sabemos que o aparecimento do cinema foi um dos princípios da ilusão dos mundos virtuais, que teve repercuções sociais antes desconhecidas.
A construção da imagem e da página gráfica foi moldada por estas duas novas técnicas, que lentamente passaram a fazer parte integrante da comunicação e mais tarde a ser o seu meio principal.
Por sua vez, os acontecimentos políticos das primeiras décadas do século XX, e a velocidade do progresso tecnológico impulsionaram novas formas de viver a vida e de organização social.
E por último, o aparecimento do computador pessoal e o incremento do uso dos telefones móveis, revolucionaram por completo as formas de comunicação.

O Design autonomizou-se ligado às teorias idealistas dos princípios do século XX e as suas principais funções eram as de tornar iguais as condições de vida de todas as classes sociais, e de produzir séries de objectos que, sendo atingíveis por todas as bolsas, seriam, no entanto, para além de úteis, de aspecto cuidado e agradável para que se quebrasse o efeito da producção em série. Estas intenções foram rapidamente desvirtuadas, dando lugar a producções assinadas e ligadas à ideia de produtos de luxo. A sociedade de consumo apoderou-se do Design.    

Após o impulso das Artes Conceptuais dos anos 60, o uso de técnicas de vídeo, de fotografia e de informática é banal agora entre os artístas plásticos, antes ligados apenas à Pintura ou à Escultura, e o campo de actividades dos Designers de Comunicação volta a ser aparentemente comum com o de outras actividades de Artes Plásticas.  
O que destingue o trabalho do designer passa a ser o sentido de ‘mensagem a transmitir’ e o de investigação dos melhores meios de a transmitir.  Pode ainda ser considerado um trabalho social responsável.
É uma escolha dos designers a direcção que vão tomar as suas opções temáticas, como vão utilizá-las e integrá-las nos seus projectos. Não menos importante é a forma em como vão organizar e empregar os seus conhecimentos.

Beatriz Gentil

DESIGN E CONSCIÊNCIA SOCIAL (D.C.S.)

1. O TEMA “D.C.S.” NÃO É FECHADO.
Sendo apenas uma possibilidade de entre as poucas à disposição dos alunos, delimitar de um modo estrito o seu âmbito só contribuiria para restringir mais ainda a requerida “pessoalidade” do Projecto.

O que isto quer dizer é que se aceita que o aluno possa considerar o seu Projecto Pessoal como mais próximo deste tema que de outros que lhe são propostos, sem ter necessariamente de justificar esta ideia.

O que isto quer também dizer é que o aluno irá desenvolvendo, ao longo do trabalho, no resto do ano lectivo, a cosnciência desta sua opção (não tanto enquanto “consciência social” do Design mas enquanto a consciência do que há no seu Projecto Pessoal que possa interessar, directa ou indirectamente, uma qualquer dimensão social do Design), devendo estar, no final desse trabalho, capaz de a dar a entender.

Assim sendo pode dizer-se que não se parte de nenhuma Teoria do tema “D.C.S.”, também para ela poder ser “criada” pelo grupo de alunos que viu nisso qualquer interesse.

2. O TEMA “D.C.S.” NÃO É INDIFERENTE AO SEU PRÓPRIO SOCIAL
Dizendo melhor: não é indiferente às próprias relações sociais (nomeadamente as pedagógicas) no seio das quais é trabalhado e investigado.

O que isto quer dizer é que se procurará que cada elemento do grupo trabalhe no conhecimento do que fazem os outros seus colegas de modo a que a elaboração das diferentes consciências individuais seja partilhada e re-elaborada colectivamente.

O que isto quer também dizer é que a orientação do professor será dobrada por uma espécie de “orientação" colectiva, uma vez que cada aluno deverá, no decorrer do processo, pronunciar-se não só sobre o seu trabalho mas também sobre o dos colegas (não, esclareça-se desde já, em termos avaliativos mas também em termos de significação, construindo com os outros, e antes de mais com o próprio autor, o Sentido e a Força de cada Projecto).

Assim sendo percebe-se que a “pessoalidade” de cada Projecto e a “autonomia” de cada aluno não são pensados como processos de isolamento crescente, geradores de fobias de contaminação, mas, precisamente ao contrário, como capacidades de contacto criativo, capacidade de “tornar seu” algo que à partida o não era. A “autonomia” do aluno é assim realizada não contra mas a favor da “autonomia” da sua geração (ou do sector da sua geração com o qual ele se identifica).

3. O TEMA “D.C.S.” NÃO É INCONSCIENTE DE OUTRAS DIMENSÕES
Que consciências precisa o Design de desenvolver? Uma consciência técnica, uma consciência artística, uma consciência profissional, uma consciência ética, uma consciência cultural e provavelmente muitas outras formas de consciência, eventualmente uma política, uma ecológica, etc… a elaboração da “Consciência Social” não poderá fazer-se sem a colaboração em maior ou menor grau destas diferentes consciências, o que significa que, para o autor de um Projecto, o ponto de partida não é a C.S. que ele projecta, mas a combinação dos diferentes tipos de consciência que exige. Poderá ser necessário, por isso, elaborar muitas outras dimensões da consciência enquanto se elabora a C.S..

(Isto não é mais que um alerta para que se amplie a consciência, para que não sejam esquecidas as várias dimensões da consciência quando se trabalha num Projecto, mesmo que esse Projecto se queira, restritivamente, de “consciência social”.)

Vítor Martins

segunda-feira, janeiro 10, 2005

Entrega de projecto de fotografia

MUITO IMPORTANTE!

Entrega de projecto de fotografia:
13 Janeiro 5ª feira, na aula até às 12h30 na Aula de Fotografia II
14 Janeiro 6ª feira, todo o dia entregar ao técnico sr. João Lima

Características:
Suporte digital (CD)*, contendo:
Imagem fixa:
24 imagens (máximo) formato real 20x30 cms, jpg ou tiff, rgb 300 dpi's
Imagem animada:
QuickTime Movie, Windows Media Player, ou Flash Projector
Relatório:
Word ou RTF, máximo 3000 caracteres (sem espaços)
* capa impressa com 1 imagem identificadora do projecto, nome do projecto, nome do aluno e data de produção

Calendário para Janeiro de 2005

Calendário para Janeiro de 2005 -
5º ano de Design de Comunicação

14 de Janeiro (sexta): prazo de entrega para trabalhos teorico-práticos pendentes do período passado
17 de Janeiro (segunda): montagem de exposição do 5º ano.
18 de Janeiro (terça): visita à exposição do 5º ano
e entrega de primeiros esboços de propostas individuais de projecto pelos alunos (no princípio da tarde).
20 de Janeiro (quinta), 14h30: forum de apresentação e discussão dos projectos do 5º ano.

A partir de 24 Janeiro, far-se-á a distribuição dos alunos do 5º ano pelos docentes encarregues de orientarem os seus projectos.
Esta distribuição far-se-á com base na natureza dos projectos em causa e na vontade demonstrada pelo aluno.

Alguns esclarecimentos relativamente à exposição de 17-18 de Janeiro:
NÃO se pretende que a exposição seja um simples mostruário de todo o trabalho realizado pelos alunos. Pretende-se que cada aluno seleccione um ou mais dos seus trabalhos (realizados no 1º período), ensaiando já um olhar crítico e ponderado sobre o trabalho realizado.

A este primeiro momento de selecção seguir-se-á uma segunda selecção da responsabilidade dos grupos responsáveis pela exposição, que terão a responsabilidade de organizarem o material cedido por todos os alunos num todo coerente. Os grupos irão, naturalmente, certificar-se que cada aluno é representado pelo menos por um trabalho.

Um outro propósito desta exposição é o de servir como primeiro indicador de vontades dos alunos relativamente ao seu projecto individual. O aluno pode optar por expor um trabalho do primeiro período que se encontre mais próximo do seu projecto final de curso. Em alternativa, pode simplesmente apresentar um ou mais trabalhos que considere particularmente bem sucedidos. Em alternativa ainda, o aluno pode optar por expor material já integrável no seu projecto, se se encontrar numa fase adiantada de preparação do mesmo.

Cada aluno deve ainda elaborar um dossier, consultável quando da exposição, no qual se poderão observar todos os trabalhos executados na primeira fase do ano que não estão expostos. Este dossier individual funcionará como uma "nota de rodapé", permitindo que a exposição se concentre sobre uma visão selectiva do trabalho do 5º ano, mantendo no entanto a possibilidade de uma visão mais pormenorizada do trabalho individual, se esta for necessária ou desejada.

Recorda-se que os dois grupos de coordenação desta exposição são os últimos responsáveis pela mesma, respondendo por ela quando do seu visionamento. Assim sendo, as suas competências vão para além da simples montagem de trabalho alheio: a estes grupos compete seleccionar, organizar, sequenciar e criar contextos e relações entre trabalhos que permitam formas originais, criativas e dignas de reflectir sobre esses mesmos trabalhos.
Os grupos nomeados, recorda-se, são os seguintes:
audio-visual:
- Sofia
- Matilde
- Lígia
- Miguel
material impresso:
- Bárbara
- Cátia
- Rui
- Marco

Esclarecimento relativo à entrega de primeiras propostas de projecto, marcada para dia 18:
Pretende-se um breve texto que serve como primeira declaração de intenções, e que deve ser composto em cerca de 2000 CARACTERES.
Este primeiro documento deve ser encarado como um esboço de ideias, não necessitando de ser conclusivo nem sendo ainda documento vinculativo de intenções. Os alunos devem encarar este documento como um ponto de partida para a discussão que se seguirá, mantendo a possibilidade de alterações de fundo se estas entretanto se revelarem oportunas.

terça-feira, janeiro 04, 2005

Design Editorial

Na Sociedade da Informação e do Conhecimento em que vivemos, os nossos sentidos são ininterruptamente aturdidos por uma miríade de imagens, caracteres, símbolos, marcas, logos e aplicações multimédia. Daí resulta uma espécie de
Babel visual, onde paradoxalmente são poucas as referências que sobrevivem ao filtro da memória e escapam à usura do tempo.
Neste contexto, o design assume uma importância capital. É indispensável encontrar fórmulas de comunicação visual que, no meio do turbilhão imagético de hoje, sejam capazes de convocar os sentidos. Daqui se infere, muito claramente, que a funcionalidade do objecto gráfico já não é suficiente para o sucesso da mensagem. Para que tal aconteça é necessária a fruição visual desse mesmo objecto gráfico, ou seja, que a forma assuma a mesma importância do conteúdo ou
da função.
Tendo em conta esta premissa, um factor impõe-se como crucial ao desenvolvimento de projectos de design: a emoção. O Homem é um ser eminentemente emotivo, o que implica uma forma de interacção com o mundo que o rodeia mais empírica do que racional. Aliás, o neurologista português António Damásio defende no ensaio O Erro de Descartes que as emoções são determinantes no processo de tomada das decisões.... racionais, justamente.
A disciplina de Grafismos pode ser o palco das vossas "actuações".

Eduardo Aires
Janeiro 2005

segunda-feira, janeiro 03, 2005

Narrativas Visuais: significado/ser/estrutura/forma/produto/contexto

Propósitos:
1. A imagem como elemento estruturante da linguagem do artista plástico, do designer, do cineasta e do cientista. A dimensão pedagógica da imagem potencia os mecanismos de comunicação do grupo.
2. Interpretar os modelos e praxis inerentes aos novos aparatos audiovisuais de produção e reprodução de comunicação, aparatos esses capazes de desenvolver mensagens e discursos visuais dos quais decorram atitudes de elevada cooperação e integração do indivíduo no colectivo.
3. Adquirir, na teoria e na prática, a compreensão dos fenómenos da comunicação visual como base rigorosa de um sistema: significado/ser/estrutura/forma/produto/contexto
4. Estruturação, pré produção, produção e pós produção de projectos visuais desenvolvidos em suportes digitais e/ou analógicos, baseados numa grelha de trabalho: conteúdo, organização e navegação, design visual, eficácia, compatibilidade e interactividade.
5. O princípio da criatividade pode resultar da integração de conhecimentos diferenciados sistematizados em ordem a um referencial estético contemporâneo.

Avaliação:
Aquisição, articulação e aplicação de conceitos;
Curiosidade científica, técnica e tecnológica;
Desenvolvimento da pré-produção, produção e pós-produção do projecto;
Adaptação a novas situações e contextos;
Competência técnica contextualizada.

Acompanhamento e atendimento dos Alunos
Colaboração na implementação de uma estrutura de desenvolvimento do projecto. Procura de uma metodologia e planeamento de trabalho depois de tipificar o mesmo projecto.
Acompanhamento individual, face às caraterísticas específicas dos projectos e características pessoais, científicas e culturais de cada aluno. Face a uma exposição inicial de dúvidas colocadas por cada aluno, são sugeridas soluções subsidiadas por informações bibliográficas de acordo com o problema a resolver.
Acompanhamento na produção técnica do projecto.
Demonstrações práticas e aplicativas em situações modelo implementadas para o aluno.

Nota final: De acordo com a grelha tipológica dos projectos propostos será concebido um programa de acções teórico/didáctico complementar.

Adriano Rangel, Janeiro 2005

Crítica e Investigação em Design.

Nas últimas décadas temos assistido ao emergir de uma definição do Design de Comunicação enquanto conjunto dinâmico de obras de autor. Esta definição é francamente distinta de modelos anteriormente adoptados em que o Design assumia como vocação a aplicação, em larga escala, de estéticas e modelos, esses sim desenvolvidos por referências centrais. O culto (e a cultura) da originalidade no mundo ocidental a partir de meados do Séc.XX transformaram cada criativo num universo munido de leis próprias e autónomas, subscrevendo, mesmo que subliminarmente, o paradigma Warholiano dos "quinze minutos de fama"...

Em simultâneo, o surgimento da consciência social individual como fenómeno popular (ou mesmo "pop") tem vindo a ditar que o designer admita um grau de responsabilidade sobre os objectos de comunicação que lança ao mundo. Sendo uma profissão mediática por natureza, o Design está particularmente bem situado para tomar o pulso à comunicação de massas - e, consequentemente, a determinar as leis e a ética dessa mesma comunicação. A prevalência da cultura digital e do online publishing têm vindo a isentar o Design da obrigatoriedade de se traduzir em objectos tangíveis, mas em troca exigem-lhe espírito crítico sobre os seus próprios procedimentos. É este espírito crítico que esta área do quinto ano pretende analisar e desenvolver.

Por sua vez, o espírito crítico no Design de Comunicação pede uma sustentação conceptual que vá além de preocupações de gosto individual ou sensibilidade pontual. Mais do que decidir o que quer fazer, o Designer precisa de se preocupar com o que precisa de ser feito - a equação é semelhante mas o fluxo é o oposto: a primeira propõe a visão potencialmente autista do criador, enquanto que a segunda parte das realidades exteriores a quem cria e propõe que o criador se defina antes de mais como veículo, como agente gerador de empatia.

A análise de realidades exteriores que sustentem a prática do Design é uma forma de investigação, comparável aos modos de investigação das ciências e humanísticas, e é sistematizável tal como estas o são. Em 1993, Christopher Frayling propôs três pontos de partida para esta sistematização: Investigação sobre Design (a teoria como prática, o meta-Design como forma de Design); Investigação através do Design (a prática gerando teoria); e Investigação para o Design (em que a prática e a teoria se tornam num só modo indissociável). Será mediante a pormenorização deste cânone triangular de base que os alunos poderão realizar o seu trabalho, mas, mais decisivamente, desenvolver a consciência e a legitimidade desse mesmo trabalho.

Heitor Alvelos
FBAUP, Janeiro de 2005

Imagem: artesdotempo


artesdotempo, originally uploaded by quintoanodesign.

MULTIMEDIA E ARTES DO TEMPO

No âmbito do desenvolvimento de um projecto de investigação que possa ser inserido num contexto que se denominou MULTIMEDIA E ARTES DO TEMPO, poderão ser considerados alguns aspectos que, não impedem cruzamentos de referências e disciplinas, não sendo exclusivos e únicos, ficando logicamente outros por referir.

Pode-se considerar que assistimos ao longo da história da arte a uma associação de sistemas de representação visual e estratégias narrativas que pela problematização da sua própria condição como objecto mediático e potenciador de imaginários se manifesta através do recurso a modelos e processos que pressupõem linguagens aparentemente mais estáveis e duradouras - ou mesmo conservadoras - reflectindo contextos culturais e individuais (particulares); por outro lado, também existem outros modelos e processos que pressupõem outro tipo de erudição tanto na posicionamento que se exige do espectador ou fruidor como do agente criativo, ou seja, linguagens mais intranquilas ou especializadas mas que mantêm relações com a “cultura pop” - ou até mesmo de caracter autoral - ainda que mediatizadas em circuitos mais restritos mas igualmente sujeitas ao desejo de reconhecimento massificado ou de um grupo mais particular, como se o acto criador se completasse ou revigorasse nesse momento.

É constante, assim, a clivagem entre a expressão da memória individual face a memória colectiva e consequentemente a própria ideia de legitimidade dessa expressão como sistema de evocação de referências e emoções.

Daí que se possa inserir as diferentes abordagens narrativas, audiovisuais e videocinematográficas numa ideia de sintese como artes do tempo.

Se nos situarmos, numa primeira fase, numa distinção (necessariamente redutora e ao mesmo tempo relacionável) como a criação de imaginários que têm origem na fantasia e imaginários que se servem da realidade, podemos defini-los como ficção e documentário.
Mas, tanto num como noutro, por meio de técnicas narrativas, de associação, de montagem, de mise-en-scéne, de manipulação de imagens, sons, palavras, podemos traduzir um universo de ficção recorrendo a estratégias formais que iludem numa ideia de realidade, ou partirmos de um registo análogo à realidade, como o documental, e entrar no campo da ficção, do pictórico ou da abstracção.

Acrescente-se aqui o problema da duração e as diferentes técnicas de manipulação do tempo no audiovisual, como a ilusão de tempo real e sincronizado, a aceleração, a congelação, a lentidão, a câmara lenta, a assincronia, os lapsos temporais..
Optou-se, por necessidade de convenções que ajudassem o criador e o espectador a situar-se, por denominar estes aspectos técnicos de gramática fílmica, que ficaria assim ao dispôr para todo o tipo de objectos mediáticos que implicam a problemática da duração ou do tempo, mas que também impõem modos de percepção (projecção de cinema ou exibição em ecran televisivo); apenas como exemplo recorde-se, para além dos já referidos - a ficção e documentário - o desenho animado, a animação tridimensional, a animação digital, os institucionais e comerciais, os videoclips, os grafismos cinemáticos, etc.

Quando se impôem outros modos de percepção que deixam, nomeadamente, o campo bidimensional, e passam para um campo expositivo, acrescenta-se a premissa do espaço e a possibilidade de movimentação do próprio espectador - permitindo-lhe posicionar-se aonde quiser e o tempo que quiser, contrariando necessariamente a possibilidade de visualização sequencial, e, por vezes, podendo mesmo inter-agir com o objecto, tornando-se ele próprio participante no processo criativo e acentuando o potencial performativo do próprio fruidor do objecto, que ao deixar de ser espectador, torna-se actuante e eventualmente decisivo (quando lhe possibilita definir ou determinar orientações e escolhas pessoais). Apenas como exemplo recorde-se os cruzamentos ou parentescos das artes plásticas com o discurso fílmico/fotográfico como a videoarte a instalação audiovisual e multimedia.

Ce n’est pas une image juste
c’est juste une image
J-L Godard, Opération Béton, 1954

Vítor Almeida
Porto, 2 de Janeiro de 2005

Tornar compreensível as áreas de projecto

A partir de hoje vão ser publicados alguns textos capazes de tornar compreensível cada uma das áreas de projecto então enunciadas. Aqui se lembram:
Narrativas Visuais. Adriano Rangel
História e Teoria do Design. Beatriz Gentil
Design Editorial. Eduardo Aires
Crítica e Investigação em Design. Heitor Alvelos
Multimedia e Artes do Tempo. Vítor Almeida
Design e Consciência Social. Vítor Martins
Como é do conhecimento das alunas e dos alunos e por decisão tomada no passado dia 17 de Dezembro até ao próximo dia 20 de Janeiro,cada projecto individual deverá ficar definido e publicamente conhecido nessa data.
Cada um dos docentes nas aulas que precederão essa data, irão colaborar no sentido de assegurar que os discentes sejam capazes de estruturar um pequeno documento no qual cada um fará a apresentação do seu projecto de autor.