terça-feira, janeiro 11, 2005

DESIGN E CONSCIÊNCIA SOCIAL (D.C.S.)

1. O TEMA “D.C.S.” NÃO É FECHADO.
Sendo apenas uma possibilidade de entre as poucas à disposição dos alunos, delimitar de um modo estrito o seu âmbito só contribuiria para restringir mais ainda a requerida “pessoalidade” do Projecto.

O que isto quer dizer é que se aceita que o aluno possa considerar o seu Projecto Pessoal como mais próximo deste tema que de outros que lhe são propostos, sem ter necessariamente de justificar esta ideia.

O que isto quer também dizer é que o aluno irá desenvolvendo, ao longo do trabalho, no resto do ano lectivo, a cosnciência desta sua opção (não tanto enquanto “consciência social” do Design mas enquanto a consciência do que há no seu Projecto Pessoal que possa interessar, directa ou indirectamente, uma qualquer dimensão social do Design), devendo estar, no final desse trabalho, capaz de a dar a entender.

Assim sendo pode dizer-se que não se parte de nenhuma Teoria do tema “D.C.S.”, também para ela poder ser “criada” pelo grupo de alunos que viu nisso qualquer interesse.

2. O TEMA “D.C.S.” NÃO É INDIFERENTE AO SEU PRÓPRIO SOCIAL
Dizendo melhor: não é indiferente às próprias relações sociais (nomeadamente as pedagógicas) no seio das quais é trabalhado e investigado.

O que isto quer dizer é que se procurará que cada elemento do grupo trabalhe no conhecimento do que fazem os outros seus colegas de modo a que a elaboração das diferentes consciências individuais seja partilhada e re-elaborada colectivamente.

O que isto quer também dizer é que a orientação do professor será dobrada por uma espécie de “orientação" colectiva, uma vez que cada aluno deverá, no decorrer do processo, pronunciar-se não só sobre o seu trabalho mas também sobre o dos colegas (não, esclareça-se desde já, em termos avaliativos mas também em termos de significação, construindo com os outros, e antes de mais com o próprio autor, o Sentido e a Força de cada Projecto).

Assim sendo percebe-se que a “pessoalidade” de cada Projecto e a “autonomia” de cada aluno não são pensados como processos de isolamento crescente, geradores de fobias de contaminação, mas, precisamente ao contrário, como capacidades de contacto criativo, capacidade de “tornar seu” algo que à partida o não era. A “autonomia” do aluno é assim realizada não contra mas a favor da “autonomia” da sua geração (ou do sector da sua geração com o qual ele se identifica).

3. O TEMA “D.C.S.” NÃO É INCONSCIENTE DE OUTRAS DIMENSÕES
Que consciências precisa o Design de desenvolver? Uma consciência técnica, uma consciência artística, uma consciência profissional, uma consciência ética, uma consciência cultural e provavelmente muitas outras formas de consciência, eventualmente uma política, uma ecológica, etc… a elaboração da “Consciência Social” não poderá fazer-se sem a colaboração em maior ou menor grau destas diferentes consciências, o que significa que, para o autor de um Projecto, o ponto de partida não é a C.S. que ele projecta, mas a combinação dos diferentes tipos de consciência que exige. Poderá ser necessário, por isso, elaborar muitas outras dimensões da consciência enquanto se elabora a C.S..

(Isto não é mais que um alerta para que se amplie a consciência, para que não sejam esquecidas as várias dimensões da consciência quando se trabalha num Projecto, mesmo que esse Projecto se queira, restritivamente, de “consciência social”.)

Vítor Martins