Notas de um dossier
Daniela Barbosa
Pensando a fotografia na sua forma mais redutora/automática, a intenção por parte de um sujeito de registar, conservar, um determinado momento, reduzindo-o a duas dimensões, recriando uma “realidade” que só se torna agora visível a um conjunto de pessoas que lhes conferem as outras duas dimensões anteriormente retiradas.
Qual o resultado final então, quando se destrói o único original capaz de reprodução desse mesmo momento um sem número de vezes? Na união de dois momentos distintos num único, ou melhor num único original, ou melhor ainda recriar um novo original através de fragmentos de originais distintos, cria-se um confronto entre o que é ser original.
Recortando, escolhendo fragmentos de um “momento” original, ligando-o a outro com um mesmo estatuto de “original”, crio uma nova realidade ou simplesmente destruo realidades e construo ficção?
Não é verdade então que ao destruir no original, a única existência de uma realidade que o negativo comporta como fim único, essa realidade deixa de ter existência, e só volta a existir em união com uma outra realidade que não a sua nem a do outro fragmento a que foi ligada, mas uma terceira existência criada por mim.
O que distingue esta manipulação “analógica” da digital, é talvez, na primeira aparecer um sentimento de violação intimamente ligado, sobre algo de “sagrado” que é o registo da memória, enquanto que digitalmente preservamos a fonte, sem lhe destruir eternamente a origem.
O lado sentimental actua mais intensamente quando no registo se encontra uma imagem que nos traduz algo de importante. Apesar de criara imagens, algumas já com o propósito de as compor, e não tanto como registo da memória por elas capturado, é interessante aperceber como algumas delas nos conseguem, algumas mais que outras, esse mesmo sentimento de destruição, violação, perda, pelo rasgo irremediável causado no negativo. Mas ao mesmo tempo, o acto de coser, parece querer reparar o irreparável. Como uma obsessão, unir os cortes, criar sentimentos, onde a própria linha actua e não pretende ter de forma alguma um papel inactivo, pelo contrário, está de tal maneira presente que toma vida própria e se torna imagem indispensável, imagem viva.
Pensando a fotografia na sua forma mais redutora/automática, a intenção por parte de um sujeito de registar, conservar, um determinado momento, reduzindo-o a duas dimensões, recriando uma “realidade” que só se torna agora visível a um conjunto de pessoas que lhes conferem as outras duas dimensões anteriormente retiradas.
Qual o resultado final então, quando se destrói o único original capaz de reprodução desse mesmo momento um sem número de vezes? Na união de dois momentos distintos num único, ou melhor num único original, ou melhor ainda recriar um novo original através de fragmentos de originais distintos, cria-se um confronto entre o que é ser original.
Recortando, escolhendo fragmentos de um “momento” original, ligando-o a outro com um mesmo estatuto de “original”, crio uma nova realidade ou simplesmente destruo realidades e construo ficção?
Não é verdade então que ao destruir no original, a única existência de uma realidade que o negativo comporta como fim único, essa realidade deixa de ter existência, e só volta a existir em união com uma outra realidade que não a sua nem a do outro fragmento a que foi ligada, mas uma terceira existência criada por mim.
O que distingue esta manipulação “analógica” da digital, é talvez, na primeira aparecer um sentimento de violação intimamente ligado, sobre algo de “sagrado” que é o registo da memória, enquanto que digitalmente preservamos a fonte, sem lhe destruir eternamente a origem.
O lado sentimental actua mais intensamente quando no registo se encontra uma imagem que nos traduz algo de importante. Apesar de criara imagens, algumas já com o propósito de as compor, e não tanto como registo da memória por elas capturado, é interessante aperceber como algumas delas nos conseguem, algumas mais que outras, esse mesmo sentimento de destruição, violação, perda, pelo rasgo irremediável causado no negativo. Mas ao mesmo tempo, o acto de coser, parece querer reparar o irreparável. Como uma obsessão, unir os cortes, criar sentimentos, onde a própria linha actua e não pretende ter de forma alguma um papel inactivo, pelo contrário, está de tal maneira presente que toma vida própria e se torna imagem indispensável, imagem viva.
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