sexta-feira, abril 29, 2005

Como devemos pensar a comunicação do jornal?

Sara Rodrigues
sara rodrigues imagem final

A capacidade de captar, expressar e comunicar são, segundo um ponto de vista pessoal, as palavras-chaves para o desenvolvimento de qualquer projecto de design. A nível profissional e pessoal a importância deste estágio no Público, reflecte-se num dossier de estágio que começará a formar-se compilando todo o estudo, trabalho, pesquisa, debate, impressões pessoais e outras, como a produção gráfica que desenvolverei. Um dos principais objectivos é evidenciar a existência de uma articulação que vai desde o planeamento da página do jornal, (layout) até à pré-impressão. Entender que os elementos essenciais para que um jornal se articule plenamente passa por ter uma boa Agenda (gestão das noticias a tratar) e um arquivo muito organizado. Sem isto um jornal não se sustém.
A acumulação de conhecimento e experiência permite a formação não apenas do dossier de estágio mas, de uma dissertação. Esta resulta da compilação dos “vários momentos” do percurso. Este é um desses momentos. Poderia referir vários elementos essenciais, mas apenas foco três: o primeiro, o contacto com o estilo do jornal:
Já não era a primeira vez que alguém me tinha falado da importância de”olhar com olhos de ver”. A expressão começa a adquirir uma certa graça. Começará a ser um vício, a minha analise quanto mais reflectiva, começa a estar viciada, no sentido de procurar alguma coisa escondida por detrás daquele olhar relâmpago que nos permite tirar as primeiras impressões. Olhar o jornal. Analisa-lo. Confesso que não foi a primeira experiência de análise desta tipologia. A execução de um jornal permitiu direccionar o sentido da análise. Pessoalmente estes elementos ajudaram-me a iniciar a paginação, por isso era obrigatório que um apontamento desse estudo posse observado (consultar fotografia). Estes elementos são os “glóbulos vermelhos” do jornal, pois definem e respondem a um conjunto de relações e actividades que caracterizam o design incutido em qualquer empresa. Neste caso o jornal.
O segundo ponto, questões que fui levantando ao longo deste percurso que devem ser pensadas não só por mim mas por todos que acompanham o design editorial:
Como devemos pensar o design, o seu papel no contexto empresarial, neste caso no jornal Publico?
Como devemos pensar o ciclo de vida do jornal?
Como devemos pensar os atributos do jornal e a sua importância para os consumidores?
Como devemos pensar o design como um elemento essencial para o processo de desenvolvimento?
Como devemos pensar o design como factor de mudança, isto é reflectir a diferença entre os suplementos do jornal e o próprio jornal?
Como devemos pensar a comunicação do jornal?
O terceiro ponto, uma frase que percorreu o meu ouvido e que abalou toda uma ideia concedida da importância do design gráfico, neste caso editorial, no jornal. A minha surpresa foi grande perante a constatação de outros: “não são os gráficos que fecham o jornal, são as secções!”. Não quero dizer que os gráficos devem fechar o jornal, não. Trata-se de sublinhar a comunicação ideal que deve existir e coabitar dentro deste espaço. A importância que eu atribuo aos gráficos, como somos designados, está longinquamente separada da importância que nos é oferecida. “Oferecida” será? Todo o meu discurso retoma as mesmas palavras: interactividade entre a agenda, o arquivo e as diferentes secções. Isto é uma máquina de comunicação, e não se trata de atribui, mais ou menos importâncias as diferentes secções. Mas tenho obrigatoriamente que ressaltar todo um trabalho que deve ser elogiado, que é produzido pelos gráficos. Deve ser esta secção, com formação para responder a questões como uma eventual colocação de um título por baixo de uma imagem, quando o layout assim obriga? A norma, titulo sempre por cima de imagem pode não responder a todos os problemas. Deve-se permitir à secção capacitada para saborear a repulsa gráfica e estética, ou não; o fugir à regra, o encontro à excepção. O elemento inovador que caracterizou o jornal, PUBLICO, aquando o seu aparecimento foi a capacidade de gerir uma estrutura, uma base de dados com filial no porto e em Lisboa. Hoje essa inovação pode colocar um filete de meio ponto de espessura a separar estes pólos. O filete não devia ter cor. Podia existir mas sem cor.
O entendimento de uns choca com a fragilidade atribuída por outros.