quinta-feira, fevereiro 03, 2005

proj.: o que se manifesta diante do olhar

José Duarte

Em qualquer situação ou experiência partilhada por, pelo menos, duas pessoas, a percepção de cada uma está irremediavelmente condicionada pela posição (física e subjectiva) que ocupa.

A impossibilidade da omnipresença determina que o que se manifesta diante do olhar de cada um não possam nunca ser objecto de percepção ou compreensão absoluta. Apenas pela técnica, cinematográfica e fotográfica – pela manipulação do tempo e pela possibilidade de registar, em simultâneo, vários pontos de vista –, é possível justapor, confrontar, cruzar perspectivas de uma mesma situação. Deste modo, serão conceitos-chave deste trabalho as noções de campo e contra-campo.
A esta problemática estão também associadas questões relacionadas com a subjectividade e intersubjectividade. Por um lado, à diversidade de pontos de vista corresponderá sempre igual diversidade de interpretações, determinadas pelo que define a identidade de cada um. Por outro, na relação intersubjectiva, a ambição de compreensão mútua enfrenta sempre a irredutibilidade do Outro, a margem de mistério que resiste à compreensão absoluta.
Em termos de suporte teórico, autores como Roland Barthes, E. Lévinas e Julia Kristeva poderão ser úteis no enquadramento do tema proposto.
Estando ainda por definir a forma como na prática este projecto se irá concretizar e servindo este documento como manifesto de intenções, pretende-se recorrer a todas as disciplinas e temáticas abordadas este ano, passando num primeiro momento por narrativas visuais – pensando a imagem fotográfica e videográfica –, pela componente teórica e, numa ultima fase, por grafismos editoriais.

03 de Fevereiro de 2005.