proj:Declaração de Intenções para o Projecto Pessoal de Fim de Curso
Madalena Gagliardini Graça
Ao longo destes cinco anos no curso de Design de Comunicação na Faculdade de Belas Artes, deparei-me com muitas novas questões e, algumas, continuam hoje por esclarecer. Muitas mais se manifestaram, ganhando consistência, agora que estou num novo ambiente, país, cultura, sistema de ensino. Certa de que não vou chegar ao fim com todas as minhas dúvidas esclarecidas, sinto que se impõe ver algumas destas dissipadas antes de entrar no mundo do trabalho.
Aqui em Itália, caí no erro de chamar a atenção a uma colega de que nós também somos artistas. Muito ofendida, respondeu-me que não era artista, era projectista… tratei de investigar, e descobri que isso mesmo lhes é ensinado, atirando os artistas para um patamar de irresponsabilidade, e frequente desprendimento, face ao receptor da sua mensagem. Se, ao início, tinha ficado feliz por ver que o curso de Design de Comunicação no Politécnico de Milão se preocupava em preparar os alunos para serem, acima de tudo, bons projectistas e comunicadores, assusta-me esta prisão de movimentos subjugada às Marcas e suas estratégias de Marketing e Publicidade.
Paolo Landi diz, no seu irónico livro “Manual para a Criação do Pequeno Consumidor”, que “...A publicidade não vende apenas produtos mas todo um mundo em que os produtos são o objectivo e a razão última da vida....” Fomos engolidos neste mundo? Contribuímos para este ciclo? Regemo-nos pelas mesmas regras?
Não somos nós, designers, artistas que utilizam todos os meios ao seu alcance para criar e transmitir mensagens? Afinal, qual é o meu/nosso lugar? É possível o equilíbrio, ou há uma soberania do Marketing face ao Design de Comunicação? Comunicação é Marketing? Ainda se pensa que há um só método a seguir?
Até que ponto as regras dos manuais e os passos estabelecidos, que um projecto de comunicação visual deve seguir, contribuem para o sucesso absoluto de um projecto? Kevin Roberts, que gere mais de 7000 criativos em 82 países na empresa Saatchi & Saatchi, diz em “Lovemarks the future beyond brands” que o mais importante é não deixar de confiar na intuição, ”...zig when others zag...”.
Onde está o bom Design, na rua, na net? Perto ou longe do homem comum? Dentro de um museu? Quem lá vai? Há pouco tempo, ouvi numa conversa entre designers, um que dizia :“cada vez me convenço mais de que o melhor design não está na rua”. Onde está? Na net? Quantos são os que têm acesso à internet? Quantos são os que acedem a bons sites? Podemos, então, falar da globalização de elite?
Observar os porquês, descobrir onde é que o Design se perdeu para ser, hoje, entendido como objecto de consumo de uma pequena camada social eventualmente mais esclarecida do que o comum dos mortais. Onde é consumido, por quem, Investigar, Criar e Criticar. Uma necessidade, uma vontade uma imposição.
Vejo o meu projecto de fim de curso inserido no tema Crítica e Investigação. Não me sinto preparada para me vincular com mais pormenores, mas, apaziguando esta tormenta de questões, admito que, após o meu regresso, estas se resumam, se modifiquem, mas estou certa de que é questionando que se cresce. Tenho a certeza de que este o caminho que quero seguir.
fbaup, janeiro 2005
Ao longo destes cinco anos no curso de Design de Comunicação na Faculdade de Belas Artes, deparei-me com muitas novas questões e, algumas, continuam hoje por esclarecer. Muitas mais se manifestaram, ganhando consistência, agora que estou num novo ambiente, país, cultura, sistema de ensino. Certa de que não vou chegar ao fim com todas as minhas dúvidas esclarecidas, sinto que se impõe ver algumas destas dissipadas antes de entrar no mundo do trabalho.
Aqui em Itália, caí no erro de chamar a atenção a uma colega de que nós também somos artistas. Muito ofendida, respondeu-me que não era artista, era projectista… tratei de investigar, e descobri que isso mesmo lhes é ensinado, atirando os artistas para um patamar de irresponsabilidade, e frequente desprendimento, face ao receptor da sua mensagem. Se, ao início, tinha ficado feliz por ver que o curso de Design de Comunicação no Politécnico de Milão se preocupava em preparar os alunos para serem, acima de tudo, bons projectistas e comunicadores, assusta-me esta prisão de movimentos subjugada às Marcas e suas estratégias de Marketing e Publicidade.
Paolo Landi diz, no seu irónico livro “Manual para a Criação do Pequeno Consumidor”, que “...A publicidade não vende apenas produtos mas todo um mundo em que os produtos são o objectivo e a razão última da vida....” Fomos engolidos neste mundo? Contribuímos para este ciclo? Regemo-nos pelas mesmas regras?
Não somos nós, designers, artistas que utilizam todos os meios ao seu alcance para criar e transmitir mensagens? Afinal, qual é o meu/nosso lugar? É possível o equilíbrio, ou há uma soberania do Marketing face ao Design de Comunicação? Comunicação é Marketing? Ainda se pensa que há um só método a seguir?
Até que ponto as regras dos manuais e os passos estabelecidos, que um projecto de comunicação visual deve seguir, contribuem para o sucesso absoluto de um projecto? Kevin Roberts, que gere mais de 7000 criativos em 82 países na empresa Saatchi & Saatchi, diz em “Lovemarks the future beyond brands” que o mais importante é não deixar de confiar na intuição, ”...zig when others zag...”.
Onde está o bom Design, na rua, na net? Perto ou longe do homem comum? Dentro de um museu? Quem lá vai? Há pouco tempo, ouvi numa conversa entre designers, um que dizia :“cada vez me convenço mais de que o melhor design não está na rua”. Onde está? Na net? Quantos são os que têm acesso à internet? Quantos são os que acedem a bons sites? Podemos, então, falar da globalização de elite?
Observar os porquês, descobrir onde é que o Design se perdeu para ser, hoje, entendido como objecto de consumo de uma pequena camada social eventualmente mais esclarecida do que o comum dos mortais. Onde é consumido, por quem, Investigar, Criar e Criticar. Uma necessidade, uma vontade uma imposição.
Vejo o meu projecto de fim de curso inserido no tema Crítica e Investigação. Não me sinto preparada para me vincular com mais pormenores, mas, apaziguando esta tormenta de questões, admito que, após o meu regresso, estas se resumam, se modifiquem, mas estou certa de que é questionando que se cresce. Tenho a certeza de que este o caminho que quero seguir.
fbaup, janeiro 2005
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