terça-feira, fevereiro 01, 2005

proj.: Código e reprodução

Joana Granja

«O que é um código? Em diferentes domínios utiliza-se a noção de «código» como um termo genérico para aludir ao conjunto ou conexões formais, regras, convenções que definem uma determinada composição. Assim, «código» pode remeter a formas de organização sociais, leis ou normas jurídicas que regulam relações entre «pessoas» (...). A noção de código pode também se referir a regras de combinação ou a um repertório de símbolos.»*(1)

algoritmos/ base de dados/ estatisticas/probabilidades/relatividades
(são alguns dos termos chave que sustentam a base do projecto que pretendo executar)

A aposta que me auto-proponho apresentar, no âmbito do projecto pessoal, é o desempenho de um campo de acção, de levantamento, pesquisa e intervenção no seio de um determinado grupo social e de um limitado espaço geográfico e temporal, que me possa fornecer uma base de dados significativa à tradução de um evento gráfico. Por outras palavras, o que pretendo é, armazenar informação nesse mesmo campo de acção, que saliente um conjunto de códigos distintos, para posteriormente, recombinar esses mesmos códigos de forma a gerar um novo valor, um novo objecto.
Tal como pegar em alguns tipos de distintos blocos de construção, podemos combiná-los de muitas maneiras de forma a obter uma nova forma. Tal como o funcionamento de uma célula no nosso organismo, há uma espécie de regra que dita «se vires um sinal deste tipo então produz outro sinal».
A pesquisa, embora ainda sem grandes fundamentos, teria como ponto de partida as questões relativas à preferência que o ser humano dá a determinadas coisas que não dá a outras. Compreender no campo fisiológico, biológico e neurológico, a forma como o sujeito reage ao som, à cor, ao cheiro, ao tacto. Acedendo a essa informação essencial, seguir-se-ia um processo de «re-organização», de recombinação, manipulação desses mesmos códigos fornecidos outrora, de forma a gerar um número finito de combinações, distintas das iniciais.
Como fazer da codificação «caótica» e «subjectiva» uma codificação «objectiva» e «organizada»? De uma forma sintética é esta a questão que pretendo e proponho apresentar.
Na prática, o trabalho poderia resultar da seguinte forma: (exemplo)
Se, eventualmente, a pesquisa se tratasse de levantar informação sobre as condições climatéricas durante um limitado período de tempo, após o armazenamento da informação especifica, atribuir-se-ia um som (e eventualmente uma cor) a cada variação atmosférica, que faça alusão ao estado emocional que a referida indicação climatérica evoca no sujeito. O objectivo seria construir uma composição gráfica onde se «joga» com as possiveis recombinações da base de dados fornecida, de forma a criar novos estados.
De igual modo aos algoritmos genéticos que «reconstituem» e determinam um novo ser, «A razão porque tu não te pareces com os teus pais é que se tu tomares dois cromossomas, um de um pai e o segundo do outro, tu recebes alguns dos blocos de construção de um pai e alguns dos blocos do outro (...) Toda esta recombinação dos blocos de construção constitui essencialmente a maneira como os algoritmos genéticos funcionam...»*(2), o projecto que defendo, procura essa mesma «reconstrução», esse «novo ser».

*(1) NADA nº3 (revista quadrimestral); Urbano, João; Artigo «Códigos e Criação: Destilando Intuições»; Freire, Emerson; Ferreira, Pedro; Diaz-Isenrath; pp72; Set.2004
*(2) NADA nº2 (revista quadrimestral); Urbano, João; Artigo «Algortmos Genéticos»; Holland, John; pp 18; Mar.2004

fbaup, janeiro 2005