proj.: Manipulação Física da Linguagem
Cátia Rodrigues
O projecto a desenvolver até ao final do ano tem por objectivo produzir a ideia de que vivemos numa sociedade com medo de ser original e autêntica no devido modo que a própria natureza exige ser. A privatização da identidade do ser humano, a qual pode levar a uma profunda crise interior, pode por conseguinte colocar a sociedade em risco. Deste modo, penso que faz sentido continuar com o trabalho realizado para a disciplina de Fotografia, e exposto na exposição, o qual obteve uma relação com a disciplina de Desenho Gráfico, em termos técnicos. Isto é, a experimentação da técnica cut-up, mais precisamente, o corte de uma imagem em quatro partes, permitiu-me realizar narrativas visuais ilimitadas, submetidas a inúmeras interpretações quando o receptor é obrigado a criar a sua própria narrativa.
A vontade de viver numa sociedade com mentes criativas, pareceu-me importante registar perfis do corpo humano sem qualquer manipulação, em termos tecnológicos, de certa forma, também, permitir a qualquer leitor ver a originalidade dos momentos que passaram na realidade com os próprios bailarinos e as pessoas envolventes num determinado espaço.
Para podermos compreender e interpretar o que nos rodeia, para além da justificação racional e planificadora, devemos ter em conta o mundo das emoções, o qual costuma agir de uma forma bem mais espontânea. Apenas a coordenação da capacidade de sentir com a capacidade de pensar proporciona ao ser humano o seu amplo leque de possibilidades de expressão, único na natureza. Até por razões etimológicas, emoção (provém do latim emovere) significa mover para fora, movimento ou mudança. De uma maneira geral, as emoções estão ligadas a um impulso involuntário de fazer qualquer coisa. A dança é uma dessas possibilidades, por essa mesma razão justifica continuar com o trabalho desenvolvido desde o princípio do ano para ambas as disciplinas. No entanto, gostaria que a concretização das inúmeras narrativas visuais realizadas até ao momento para ambas as disciplinas obtivessem novos e diferentes contextos através da manipulação física da sua própria linguagem.
Toscani, com o tema “Realidade & Utopia - O Mundo na Feira das Ideias”, defendeu que a grande utopia dos nossos dias é pensar. A humanidade está viciada nos “media”. De acordo com esta observação o trabalho continuará a reflectir a necessidade de destruir preconceitos e conformismos que nos governam consciente e/ou inconscientemente. O verdadeiro Eu, que ainda é, para a maior parte dos homens, latente, velado, “inconsciente”, foi e continuará a ser a principal reflexão do trabalho desenvolvido ao longo do ano, sobretudo com o objectivo imediato de reflexões e experiências subjectivas e pessoais susceptíveis de ampliação, aprofundamento e de modificações. Em paralelo, pretendo alargar o conhecimento do nosso mundo psíquico, entrar em contacto com ele, explorar realidades insuspeitas, mistérios a serem descobertos…
O homem movido por uma espécie de ânsia, esse impulso que leva a humanidade a progredir, há quem duvide da possibilidade inerente ao homem de melhorar, evoluir, e, entre várias causas, as principais são as seguintes: a ignorância do homem em relação à sua verdadeira natureza; e, a ideia confusa e pouco clara que se tem do conceito de evolução.
Conhecemos o espaço exterior, mas não o espaço interior, o mundo misterioso mas real da psique, que na verdade se assemelha a um cosmo, a um universo, pelas infinitas e ocultas possibilidades a descobrir. Mesmo que o homem não tenha disso uma consciência exacta, o interior aproxima-se da sua consciência, e faz sentir a sua presença e a sua vitalidade através de sintomas e mensagens que aprenderemos pouco a pouco a decifrar.
O homem procura tomar consciência de si mesmo, e, evolução significa exactamente isso: tornarmo-nos conscientes e aprofundar e ampliar a consciência até descobrirmos quem realmente somos. Evolução não significa um movimento no tempo a um fim exterior. O homem progride interiormente, a seguir projecta no exterior o seu amadurecimento subjectivo, no campo social, cultural, moral e religioso.
A psicanálise, ou psicologia de profundidade responde à actual necessidade evolutiva do homem, entender que a realidade não é o que ele percebe com os cinco sentidos, mas “algo” que está sob, ou melhor, “dentro” das coisas.
No sentido psicológico, o homem é uma dualidade entre o consciente e o inconsciente, e é somente do equilíbrio entre esses dois aspectos da psique que pode surgir o verdadeiro homem: o Si. Muitos são, os que hoje começam a perceber que deve existir algo por trás das aparências fenomênicas e que sentem a exigência de procurar esse “algo” mais. O eu racional, a parte consciente do homem, sente que deve conhecer “a outra face” de si mesmo, a parte inconsciente. Para chegar a essa realidade mais profunda, é preciso passar por todos os níveis do mundo psíquico, introverter-se para aprender a olhar para dentro de si e descobrir pouco a pouco as energias, as faculdades, as potencialidades do próprio ser psicológico. De certa forma, devemos nos sensibilizar com a complexa, rica e variada actividade da nossa psique consciente e, em seguida, acostumarmo-nos a reconhecer também as “mensagens” e os “símbolos” que o nosso inconsciente nos transmite.
Porquê explorar e conhecer o mundo psíquico?
É uma exigência natural, um apelo à compreensão do significado evoluir: tornar-me aquilo que já sou. Tornar-me aquilo que já sou! Tornar-me aquilo que já sou?
fbaup, janeiro 2005
O projecto a desenvolver até ao final do ano tem por objectivo produzir a ideia de que vivemos numa sociedade com medo de ser original e autêntica no devido modo que a própria natureza exige ser. A privatização da identidade do ser humano, a qual pode levar a uma profunda crise interior, pode por conseguinte colocar a sociedade em risco. Deste modo, penso que faz sentido continuar com o trabalho realizado para a disciplina de Fotografia, e exposto na exposição, o qual obteve uma relação com a disciplina de Desenho Gráfico, em termos técnicos. Isto é, a experimentação da técnica cut-up, mais precisamente, o corte de uma imagem em quatro partes, permitiu-me realizar narrativas visuais ilimitadas, submetidas a inúmeras interpretações quando o receptor é obrigado a criar a sua própria narrativa.
A vontade de viver numa sociedade com mentes criativas, pareceu-me importante registar perfis do corpo humano sem qualquer manipulação, em termos tecnológicos, de certa forma, também, permitir a qualquer leitor ver a originalidade dos momentos que passaram na realidade com os próprios bailarinos e as pessoas envolventes num determinado espaço.
Para podermos compreender e interpretar o que nos rodeia, para além da justificação racional e planificadora, devemos ter em conta o mundo das emoções, o qual costuma agir de uma forma bem mais espontânea. Apenas a coordenação da capacidade de sentir com a capacidade de pensar proporciona ao ser humano o seu amplo leque de possibilidades de expressão, único na natureza. Até por razões etimológicas, emoção (provém do latim emovere) significa mover para fora, movimento ou mudança. De uma maneira geral, as emoções estão ligadas a um impulso involuntário de fazer qualquer coisa. A dança é uma dessas possibilidades, por essa mesma razão justifica continuar com o trabalho desenvolvido desde o princípio do ano para ambas as disciplinas. No entanto, gostaria que a concretização das inúmeras narrativas visuais realizadas até ao momento para ambas as disciplinas obtivessem novos e diferentes contextos através da manipulação física da sua própria linguagem.
Toscani, com o tema “Realidade & Utopia - O Mundo na Feira das Ideias”, defendeu que a grande utopia dos nossos dias é pensar. A humanidade está viciada nos “media”. De acordo com esta observação o trabalho continuará a reflectir a necessidade de destruir preconceitos e conformismos que nos governam consciente e/ou inconscientemente. O verdadeiro Eu, que ainda é, para a maior parte dos homens, latente, velado, “inconsciente”, foi e continuará a ser a principal reflexão do trabalho desenvolvido ao longo do ano, sobretudo com o objectivo imediato de reflexões e experiências subjectivas e pessoais susceptíveis de ampliação, aprofundamento e de modificações. Em paralelo, pretendo alargar o conhecimento do nosso mundo psíquico, entrar em contacto com ele, explorar realidades insuspeitas, mistérios a serem descobertos…
O homem movido por uma espécie de ânsia, esse impulso que leva a humanidade a progredir, há quem duvide da possibilidade inerente ao homem de melhorar, evoluir, e, entre várias causas, as principais são as seguintes: a ignorância do homem em relação à sua verdadeira natureza; e, a ideia confusa e pouco clara que se tem do conceito de evolução.
Conhecemos o espaço exterior, mas não o espaço interior, o mundo misterioso mas real da psique, que na verdade se assemelha a um cosmo, a um universo, pelas infinitas e ocultas possibilidades a descobrir. Mesmo que o homem não tenha disso uma consciência exacta, o interior aproxima-se da sua consciência, e faz sentir a sua presença e a sua vitalidade através de sintomas e mensagens que aprenderemos pouco a pouco a decifrar.
O homem procura tomar consciência de si mesmo, e, evolução significa exactamente isso: tornarmo-nos conscientes e aprofundar e ampliar a consciência até descobrirmos quem realmente somos. Evolução não significa um movimento no tempo a um fim exterior. O homem progride interiormente, a seguir projecta no exterior o seu amadurecimento subjectivo, no campo social, cultural, moral e religioso.
A psicanálise, ou psicologia de profundidade responde à actual necessidade evolutiva do homem, entender que a realidade não é o que ele percebe com os cinco sentidos, mas “algo” que está sob, ou melhor, “dentro” das coisas.
No sentido psicológico, o homem é uma dualidade entre o consciente e o inconsciente, e é somente do equilíbrio entre esses dois aspectos da psique que pode surgir o verdadeiro homem: o Si. Muitos são, os que hoje começam a perceber que deve existir algo por trás das aparências fenomênicas e que sentem a exigência de procurar esse “algo” mais. O eu racional, a parte consciente do homem, sente que deve conhecer “a outra face” de si mesmo, a parte inconsciente. Para chegar a essa realidade mais profunda, é preciso passar por todos os níveis do mundo psíquico, introverter-se para aprender a olhar para dentro de si e descobrir pouco a pouco as energias, as faculdades, as potencialidades do próprio ser psicológico. De certa forma, devemos nos sensibilizar com a complexa, rica e variada actividade da nossa psique consciente e, em seguida, acostumarmo-nos a reconhecer também as “mensagens” e os “símbolos” que o nosso inconsciente nos transmite.
Porquê explorar e conhecer o mundo psíquico?
É uma exigência natural, um apelo à compreensão do significado evoluir: tornar-me aquilo que já sou. Tornar-me aquilo que já sou! Tornar-me aquilo que já sou?
fbaup, janeiro 2005
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