quarta-feira, março 23, 2005

Projecto INESC/FBAUP planificaçao

Alunas e alunos do quinto ano design, inscritos no projecto INESC Porto:

Período para REGISTO FOTOGRÁFICO, no qual as câmaras estão completamente disponíveis para o grupo:
Início 28 MARÇO até 8 ABRIL (15 dias)
Pré-Apresentação de Todos os Projectos -> 3 MAIO (Selecção com Júri Constituído)
Apresentação Final - Projectos Concluídos -> 13 MAIO
Data da Exposição (a confirmar)-> 15 JUNHO

ccontactos:
jrangel@fba.up.pt
sandra.pinto@inescporto.pt

Blue Tears - inaugura Quinta, 24/Março, 22h

BLUE TEARS
Uma instalação de Russell Mills e Ian Walton
Inaugura no Silo - Espaço Cultural, Norteshopping
Quinta 24 de Março, 22 horas
Com a presença dos autores
Será servido um Porto de Honra

Conversa com Heitor Alvelos, comissário do ciclo InLoco
Quinta 31 de Março, 19 horas

O ciclo de exposições InLoco, dedicado à vanguarda do Design Gráfico contemporâneo, chega ao fim com a exposição Blue Tears, de Russell Mills e Ian Walton.

Blue Tears, uma instalação multimedia que integra som, fotografia, video, poesia e uma multiplicidade de objectos, foi exclusiva e especificamente concebida para o Silo - Espaço Cultural. Esta instalação explora os contrastes observados entre o temporário e o intemporal, num jogo sensorial complexo, inspirador e emocionante. Mills e Walton defendem o acto criador como impossível de categorizar, movendo-se livremente entre as artes visuais, a música e o design, procurando a experiência instintiva dos sentidos que não recusa o intelecto mas seguramente o transcende.

Russell Mills e Ian Walton têm estado consistentemente na vanguarda da produção multimedia oriunda da Grâ-Bretanha nas últimas décadas. O seu trabalho tem vindo a ser apresentado em museus e galerias em todo o mundo, ilustrando edições literárias e as edições musicais de alguns dos nomes mais sonantes da música contemporânea: Brian Eno, Michael Nyman, David Sylvian, Nine Inch Nails, 4AD, Miles Davis, Bill Laswell e Harold Budd, entre muitos outros.

segunda-feira, março 21, 2005

Procura-se Designer Gráfico

A quem possa interessar:

Procura-se Designer Gráfico
para empresa de Design sediada na zona histórica do porto

Características:
Predisposição para lidar com clientes e gráficas
Capacidade de bom relacionamento humano
Pontualidade
Com carta de condução (não obrigatório)

Objectivo:
Trabalho a longo prazo no Atelier da Imagem
(www.atelierdaimagem.net)

Resposta com:
Breve curriculum
Breve portfolio
Contacto telefónico

Para:
vagadesignporto@hotmail.com
att: Luísa do Valle

quinta-feira, março 17, 2005

LOOK IN THE MIRROR (and you might win 1200 euros)!

LOOK IN THE MIRROR! --- OLHA-TE AO ESPELHO!


An exhibition of works by students on Erasmus mobility on the subject of identity and self-representation
and the launch of the FBAUP ERASMUS ART PRIZE (1200€).

PREPARATORY MEETING: APRIL 5, 10h30
Exhibition: 5 - 13 May 2005
FBAUP - Porto, Portugal

We are looking for works by Erasmus students / former Erasmus students from european partner colleges and FBAUP to be included in a group exhibition to take place at FBAUP Museum.

The exhibition will also mark the launch of the FBAUP Erasmus Art Prize (1200€), an annual purchase award to be presented by the University of Porto to one of the students exhibiting in the show.

The proposed subject of the exhibition is Identity and Self-Representation.

The subject is wide and inclusive, allowing the presentation of "traditional"
self-portraits, but also the inclusion of more abstract and oblique approaches:
the double, original vs. copy, public and private identities, masks, etc. etc.
etc.

Students can participate with pieces in any medium. There will be no jury for selection of pieces to be exhibited, although Julio Dolbeth (Erasmus ECTS coordinator) will be in charge of curating the exhibition and coordinating the setup.

A preparatory meeting will take place on April 5 (Tuesday), at 10:30 am, in the Erasmus office. All interested are welcome to attend.

Students who are not currently at FBAUP may participate by sending digital works via e-mail or CD. These works will be put in a showreel for continuous projection. Deadline for receiving these works is April 17.

Exhibition setup is scheduled for May 2, 3 and 4. Students are responsible for setting up their pieces in a collaborative environment. Students will also be responsible for bringing down the show and picking up their work.

The exhibition will open May 5, 2005, at 5:30 pm. There will be representatives from all courses and from the University of Porto. The Erasmus Art Prize winner will be announced at the opening. Port Wine, the traditional drink of Porto, will be served.

For more information and sending digital work:
erasmus@fba.up.pt
juliodolbeth@fba.up.pt
www.fbauperasmus.blogspot.com

Erasmus
Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto
Avenida Rodrigues de Freitas, 265
4049-021 Porto
Portugal


Olha-te ao espelho:


Uma exposição de trabalhos realizados por estudantes de mobilidade Erasmus sobre o tema da identidade e auto-representação
e lançamento do
PRÉMIO DE ARTE ERASMUS FBAUP (1200€)

ENCONTRO PARA ORGANIZAÇÃO: 5 DE ABRIL, 10H30
Exposição: 5 – 13 de Maio de 2005
FBAUP – Porto, Portugal


Estamos a procurar trabalhos realizados por estudantes em Erasmus/ antigos estudantes Erasmus de faculdades parceiras europeias e da FBAUP, para serem incluídos numa exposição de grupo que terá lugar no museu da FBAUP.

A exposição marcará igualmente o lançamento do Prémio de Arte Erasmus da FBAUP (1200€), um prémio anual que será atribuído pela Universidade do Porto a uma das obras integrantes da exposição.


O tema proposto da exposição é Identidade e Auto-Representação.

O tema é vasto e abrangente, permitindo a inclusão de auto-retratos “tradicionais”, mas também a inclusão de abordagens mais abstractas e obliquas: o duplo, original versus cópia, identidades públicas e privadas, máscaras, etc. etc. etc.

Os estudantes podem participar com peças em qualquer meio. Não haverá júri de selecção de trabalhos a expor, apesar de Júlio Dolbeth (coordenador ECTS - Erasmus) estar encarregue de administrar a exposição e coordenar o cenário.

Uma reunião preparatória decorrerá no dia 5 de Abril (terça-feira) pelas 10h30 no Gabinete Erasmus. Todos os interessados são bem vindos.

Os estudantes que actualmente não estão na FBAUP podem participar, enviando trabalhos digitais via e-mail ou CD. Estes trabalhos serão apresentados em projecção continua. O prazo para receber os trabalhos digitais é 17 de Abril.

A montagem da Exposição está agendada para os dias 2,3 e 4 de Maio. Os estudantes são responsáveis pela montagem das suas peças num ambiente de colaboração. Os estudantes também serão responsáveis por montarem a exposição e recolherem os seus trabalhos.

A exposição inaugurará no dia 5 de Maio às 17h30m. Haverá representantes de todos os cursos e da Universidade do Porto. O vencedor do Prémio de Arte Erasmus será anunciado na abertura. Vinho do Porto, a bebida tradicional do Porto, será servido.

Para mais informação e envio de trabalhos digitais:
erasmus@fba.up.pt
julio.dolbeth@fba.up.pt
www.fbauperasmus.blogspot.com

Erasmus
Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto
Avenida Rodrigues de Freitas, 265,
4049-021 Porto
Portugal

www.fbauperasmus.blogspot.com

quarta-feira, março 16, 2005

Procura-se: aluno/a finalista para workshop na Indonésia com tudo pago

O SRI da UP
e o Gabinete de Relações Internacionais da FBAUP apresentam
Third Asia-Europe Art Camp
Bandung, Indonésia
Agosto de 2005

• bolsa de estudo para um estudante do 5º ano da fbaup
• para participar em workshop multimedia de 1 semana em bandung, indonésia


The Third Asia-Europe Art Camp will intensively focus its programme and activity on the dialogue of initiative space and its relation with new media arts practices. Will be also discussed related aspects of new integration patterns that reconcile arts and technology, including their cultural implications which integrate artistic activity with individual negotiation and social interaction. Finally, a new artistic strategy is expected to be elaborated, with an emphasis on mobility, interactivity, multiplicity and the discourse of rhizomatic structure which essentially reconsider individual participation in the field of cultural production mechanism in the wider sense.


• requisitos para candidatura:
1. encontrar-se a frequentar o 5º ano da fbaup em 2004/05.
2. idade entre os 20 e os 25 anos.
3. bons conhecimentos da língua inglesa.
4. excelentes conhecimentos e interesse em áreas multimedia (video, fotografia, digital media, música, etc.)
5. interesse e/ou experiência em organizar eventos ou projectos artísticos/multimedia públicos/colectivos.
6. contactos: endereço de email, telefone.
7. carta de apresentação, de 1 página, explicando o interesse do aluno em participar no workshop, e salientando participações em projectos públicos nas áreas artísticas / multimedia.
8. portfolio/‘cartão de visita’ pessoal em forma de video ou som [em cd-r], salientando projectos colectivos/públicos em que esteve envolvido.
9. curriculum vitae em inglês (2 páginas), impresso em papel A4.
10. obrigação de apresentação pública do projecto/experiência à fbaup após o seu regresso.
11. elaboração de um artigo sobre as matérias dos workshops, a integrar em futura publicação da fbaup (após o regresso).
12. disponibilidade para participar em seminários ou conferências onde sejam apresentadas experiências internacionais de alunos da UP.

• entrega de processos de candidatura até sexta, 1 de abril de 2005, no gabinete erasmus.
• entrevistas de selecção a 6 de abril.
• o júri de selecção será consituido por 3 professores da fbaup.
• divulgação do resultado a 7 de Abril.

mais informações em:
http://www.asef.org
http://www.commonroom.info/
erasmus@fba.up.pt

para pré-inscrição: enviar email para erasmus@fba.up.pt
com "art camp 2005" no subject/assunto da mensagem
e com nome e contactos na mensagem.

terça-feira, março 15, 2005

Novamente o programa do segundo semestre

... para conhecimento e orientação dos alunos recém-chegados de Erasmus:

Foruns mensais
Para pontos da situação e apresentação/apreciação
do trabalho desenvolvido pelos alunos.
Quinta, 10 de Fevereiro
Segunda, 7 de Março
Terça, 5 de Abril
Quarta, 4 de Maio
Sexta, 3 de Junho
(sempre das 14 às 18 horas)

Trabalho escrito
Todos os alunos devem apresentar mensalmente por email, em attachment (Word, TextEdit, RTF), enviado a todos os professores do quinto ano, uma revisão/ actualização do texto de projecto apresentado em Janeiro de 2005. Em função da natureza dos projectos e dos textos apresentados pelos alunos, estes trabalhos escritos poderão ser conduzidos no sentido de uma dissertação.

Dossier do projecto
Todos os alunos deverão reunir um dossier relativo ao seu projecto, onde depositarão documentação, esboços, experiências, escritos e transcrições, etc. etc. etc. Este dossier, que pode assumir as formas mais diversas, e terá um carácter informal, servirá como elemento de monitorização e apreciação processual do trabalho. Este dossier deve estar disponível / consultável durante o semestre e será entregue no final do ano, juntamente com o projecto na sua versão final.

Exposição
Prevê-se que o anterior sistema de apresentações finais de ano seja subsituído pela realização de uma exposição final, em que os alunos irão apresentar o seu projecto. A exposição será provavelmente realizada num espaço exterior à FBAUP, e será aberta ao público em geral. Os alunos deverão ter em conta que o material a fornecer para esta exposição fará parte do projecto que desenvolveram, embora não necessite de apresentar exaustivamente esse projecto na sua totalidade. A data e local desta exposição serão estabelecidos e comunicados dentro de cerca de um mês.

Avaliações
Parametros essenciais em forma de síntese na avaliação do segundo momento curricular

A) Qualidades mais ligadas ao Projecto
1. Fundamentação: Capacidade de dar a ver o sentido, a importância, a razão de ser do Projecto.
2. Metodologia/Aprofundamento: Capacidade de reflectir as escolhas processuais. Capacidade de aperfeiçoar (ir aperfeiçoando) a própria ideia, a essência, do Projecto.
3. Teoria/Prática: Capacidade de gerir e tornar fecundo o vaivém entre estes dois momentos.
4. Ruptura/Inovação/ Experimentação: Capacidade de distanciamento relativamente aos modelos convencionais. Capacidade de imaginar situações e procedimentos inéditos e de os testar.
5. Linguagem – Domínio e capacidade de desenvolvimento das linguagens empregues.
6. Expressão – Capacidade artística de “dar vida” ao que se faz.

B) Qualidades mais próprias do aluno
1. Autoria: Capacidade de “partir de si próprio”.
2. Crítica: Capacidade de análise crítica e de consciência auto-crítica.
3. Utopia: Capacidade de imaginar/construir “mundos novos”.
4. Comunicação: Capacidade de fazer entender e de se fazer entender.
5. Sustentabilidade e Transmissibilidade: Capacidade de “tornar fácil” a outrém continuar ou retomar aquilo que se fez.
6. Relacionamento: Capacidade de integração e de articulação nos colectivos em que opera.
7. Regeneração: Capacidade de superação de erros, insucessos, más experiências, ....

C) Componente escolar
1. Presença nas aulas.
2. Regularidade no trabalho.
3. Empenho no Projecto.
4. Participação nas actividades.
5. Cooperação na turma.
6. Aprendizagem constante.

D) Componente curricular
1. Na base dos pontos anteriores a avaliação será contínua e formativa.
2. Deverá reflectir a evolução e integração do aluno como pessoa e como autor no contexto da turma e do ano escolar (primeiro e segundo semestre).
3. Serão referentes globais: a capacidade para desenvolver projectos, tendo em conta as diferentes etapas na sua realização; os valores e atitudes manifestados, tanto no processo de ensino-aprendizagem como na relação com os outros.

E) Acompanhamento e atendimento dos Alunos
Colaboração na implementação de uma estrutura de desenvolvimento do projecto.
Procura de uma metodologia e planeamento de trabalho depois de tipificar o mesmo projecto.
Acompanhamento individual, face às caraterísticas específicas dos projectos e características pessoais, científicas e culturais de cada aluno. Face a uma exposição inicial de dúvidas colocadas por cada aluno, são sugeridas soluções subsidiadas por informações bibliográficas de acordo com o problema a resolver.
Acompanhamento na produção técnica do projecto.
Demonstrações práticas e aplicativas em situações modelo implementadas para o aluno.

FBAUP, 10 de Fevereiro de 2005
Os docentes do quinto ano / departamento de design

segunda-feira, março 14, 2005

Negócios subterrâneos

Gonçalo Falcão
gfalcao@ideia-ilimitada.pt

O Metro é um sistema de transporte urbano que foi pensado e desenvolvido para ser rápido. Apesar de ser autónomo e independente dos outros meios e ter um sistema específico de códigos visuais, a cidade é o seu referencial. A rede é muitas vezes grande e complexa e os mapas do Metro dos países que o inventaram, os Estados Unidos e a Inglaterra, começaram por incluir os locais onde o Metro comunica com a cidade.

Em 1933 o Inglês Henry Beck desenhou um mapa para o metropolitano londrino que se iria tornar um marco em termos de clareza e simplicidade. Representou só os percursos dos comboios, as estações e a forma como as linhas se articulam entre si. O mapa de Beck é um código encriptado mas que no contexto londrino funciona bem, porque havia um grande conhecimento do modo de funcionamento do Metro e da articulação com a cidade. Foi inovador na forma como representou diagramaticamente os trajectos e reduziu a informação ao essencial. O viajante que desconheça a cidade e a sua articulação com o Metro necessita da ajuda de um segundo mapa individual que faça a ligação entre a estação e a zona da cidade onde pretende ir, mas este modelo de mapa é uma ideia que funciona bem para os utilizadores frequentes do Metro, que têm uma boa ideia mental da cidade e das saídas na cidade. Foi desenhado para Londres, que conhecia o Metro desde 1863, mas não é uma receita aplicável em todo o lado. Nova Iorque teve um mapa destes em funcionamento, de 1972 a 1978, desenhado por Massimo Vignelli e abandonou-o em 1979 (com novo mapa desenhado por John Taurenac/ Mike Hertz, voltando a incluir referências topográficas, ainda está em uso) porque se chegou à conclusão que, mesmo para os nova-iorquinos (que utilizam o Metro desde 1904), a excessiva esquematização da realidade e a falta de referências urbanas eram desorientadoras.

Lisboa só a partir de 1959 pôde andar no Metro e até ao final do século XX tinha duas linhas tímidas e pequenas. Com o plano de alargamento da rede, ainda em curso, abriram-se novas estações e novas linhas ligadas aos transportes suburbanos. O Metro passou a transportar muito mais gente, «utentes» que nunca o tinham utilizado antes.

Com o aumento da rede, a empresa decidiu também preocupar-se mais profundamente com a imagem e com a informação.
Como empresa de capitais públicos que é, seria de esperar que consultasse o mercado para saber quem é que apresentaria a melhor solução. Fazer um concurso nacional? Internacional, talvez? Escolher por qualificação prévia ateliers de design nacionais (e internacionais?) que tivessem dado provas de conseguir tratar com qualidade estes problemas? Ao que se sabe não. Contrataram um atelier de design inglês: Wolff Ollins. É mais chique. Como os gestores destas empresas não são escolhidos por concurso (que se fosse internacional daria certamente muito bons resultados), os critérios de escolha são os que entenderem. Note-se que o Metro não foi a única empresa pública (de capitais públicos, perdão) a proceder assim. A Carris e a PT também preferiram, sem qualquer justificação, os serviços da Wolff Ollins.

O trabalho realizado demonstra que a empresa de design assumiu alguns pressupostos errados sobre a forma como as pessoas se orientam e utilizam o Metro, e não teve em conta que, em pleno século XXI, este meio é ainda uma novidade para muita gente em Lisboa. A transposição da forma do metro de Londres para Lisboa é um bom exemplo da forma como o trabalho foi desenvolvido, como se houvesse uma receita e sem envolvimento e estudo da realidade alfacinha.

Na sinalização ― um elemento estrutural num trabalho deste tipo ― o verde dá informações (saídas, saídas de emergência, acessos e ligações) mas também designa uma linha (a linha verde). O amarelo serve para avisar (limite de segurança, perigo de electrocussão) e para nomear outra linha (a linha amarela). O azul ora é uma linha (linha azul) ora é informativo (os avisos da câmaras de vigilância e dos elevadores), ora faz o papel do verde e indica as saídas. O azul também marca as bilheteiras e informações úteis (horários, telefones). Os canais especiais (para deficientes e incapacidades temporárias) são também azuis e o amarelo (que, relembro, era a cor dos avisos) serve para dar conselhos de utilização. O vermelho tanto indica uma linha (linha vermelha) como perigo (fecho das portas, passagem proibida) como o material de emergência e alarmes. A informação das diferentes linhas tanto aparece escrita a branco sobre o fundo da cor da linha (verde, amarelo, etc.) como a branco sobre azul escuro.
Não trataram devidamente alguns problemas que vinham da rede inicial ― como o facto do nome de muitas estações não corresponder ao nome do local à superfície (Marquês/Rotunda). Para ajudar a complicar um pouco mais o viajante, as linhas têm dois nomes: o nome da cor que a desenha (linha amarela, por exemplo) e um nick tipo quinto império: gaivota, caravela, bússola.
Não houve preocupações com a forma como as pessoas se movimentam, orientam e saem dos acessos às carruagens. Nas saídas, não há qualquer tipo de informação sobre como circular nas escadas e tapetes rolantes (à direita parado, à esquerda em movimento). Não se tratou bem a comunicação sobre a proibição de fumar, tendo-se colado uns papelitos enrugados e vermelhos (como a linha vermelha) que rapidamente se esfumaram. Não se integrou o mobiliário (bancos, caixotes do lixo) no contexto da vida das estações; não se explorou as potencialidades informativas e de ambiente que estes equipamentos proporcionam. Os elevadores estão micro-sinalizados, quando estão. Quem entre com um carrinho de bebé não saberá por onde ir, ou se há acessos que lhe são dedicados depois de passar a verificação do bilhete. Com uma cadeira de rodas é melhor não entrar porque em muitas estações não vai conseguir sequer passar do átrio (mas aqui a culpa não é do sr. Ollins).

Claro que nem tudo é mau na imagem do Metro e há até alguns pontos muito positivos, como o alfabeto, ou o novo símbolo. Como o trabalho, que provavelmente terá sido muito bem pago, ficou mal resolvido, tem estado sempre a ser revisto e refeito e daí a actual situação, onde a incongruência é a nota dominante. È possível encontrar sobre um fundo vermelho uma placa da linha verde e ao lado uma placa verde a indicar a saída e um autocolante verde sobre a placa verde a indicar a direcção da saída de emergência. Tudo isto sob o ruído visual dos novos ecrãs que nos atacam com publicidade a que não podemos fugir, mais o som da mesma.

Este exemplo do Metro é ilustrativo da postura pátria perante o design e também perante os nomes estrangeiros. Primeiro contrata-se uma empresa inglesa sem qualquer justificação ou concurso. É fácil encher o olho, mas na prática as coisas deveriam funcionar, o que é difícil com pouco estudo. Quando o trabalho chega à fase de implementação as coisas começam a ficar curtas; gasta-se imenso dinheiro e não se exige contrapartidas sólidas. Atalham-se os caminhos com soluções vulgares, na esperança que o pastiche cole.
O Metro não se coibiu de gastar milhões para pagar a artistas plásticos a criação de ambientes que ajudam a que a utilização do serviço seja mais agradável e colorida. Por isso é pena que não invista em design para melhorar a vida das pessoas. É que se a escolha tivesse sido mais ponderada, se se tivesse preferido o estudo, a análise e o pragmatismo; se tivesse havido vontade de resolver problemas e exigência em relação ao dinheiro investido, haveria certamente designers aptos a ajudar o Metro de Lisboa a comunicar de forma mais intuitiva e produtiva, contribuindo para uma melhor civilidade. E por incrível que isso possa parecer à administração do Metro, lusos.

sábado, março 12, 2005

gm


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sexta-feira, março 11, 2005

ANTECIPARTE 2005

O ANTECIPARTE é um evento cultural de exposição e venda de obras, de uma selecção de finalistas dos vários cursos de arte de 2005 e dos três anos anteriores, ainda fora do circuito comercial.
O ANTECIPARTE terá lugar na Estufa Fria, em Lisboa, de 17 a 27 de Novembro.
Aceitam-se participações nas áreas de pintura, desenho, fotografia, escultura, instalação, video e outros meios de expressão.
Prazo de candidatura: 2 de Maio de 2005.
Regulamento (pdf) disponível em:
http://sigarra.up.pt/fbaup/mail_dinamico.ficheiros

BES e Serralves criam prémio revelação de fotografia

O Banco Espírito Santo e a Fundação de Serralves apresentaram, em Lisboa, uma nova iniciativa para a área da fotografia, aposta mecenática do banco que até 2006 apoiará em exclusividade todas as exposições realizadas pela fundação neste domínio.
O BES Revelação, destinado a jovens fotógrafos portugueses até 30 anos, corresponde a bolsas de 7500 euros a atribuir anualmente num máximo de quatro e vem juntar-se ao BESphoto, realizado em parceria com o Centro Cultural de Belém e mais dedicado a "percursos consagrados", disse anteontem Paulo Padrão, director de comunicação do banco.
Ao contrário do BESphoto, que funciona por nomeação directa de candidatos (na edição de estreia deste ano venceu Helena Almeida, de 71 anos), o BES Revelação parte de um concurso aberto anteontem e a encerrar a 31 de Maio, data-limite de envio ou entrega de projectos na sede do BES, em Lisboa.
As candidaturas - "trabalhos que recorram de forma central, ainda que não exclusiva, ao suporte fotografia" - serão avaliadas por um júri constituído por Jürgen Bock (director da Escola de Artes Visuais Maumaus, Portugal), Ute Eskilmsen (directora do departamento de fotografia do Museu Folkwang, Alemanha), Núria Enguita (directora da Fundação António Tàpies, Espanha), Alexandra Fonseca (consultora de fotografia do BES), e Ricardo Nicolau (crítico de arte). Os projectos escolhidos, num mínimo de um e num máximo de quatro, terão uma exposição a realizar entre Novembro e Dezembro na Casa de Serralves, no Porto. V.R.
Publico, 11.03.2005

quinta-feira, março 10, 2005

Chris Marker, quem e?

Nasceu em Neuilly-sur-Seine, em 1921, Chris Marker estudou Filosofia e integrou o movimento de Resistência na França durante a ocupação nazi. Trabalhou como jornalista, crítico de cinema e escritor, tornando-se mais tarde um dos mais importantes documentaristas de seu país. Desde 1952 vem realizando documentários e filmes de ficção, nos quais sempre procurou criar a interação com o espectador, com propósitos históricos ou documentais. Ganhou projecção internacional ao ter sido a sua curta-metragem La Jetée adaptada por Terry Gilliam para o filme Os Doze Macacos.

Chris Marker versus Susan Sontag

"Chris Marker has a brilliant mind and heart and appetite for life, and it's a privilege to travel with him to whatever he chooses to remember and to evoke. He is one of cinema's all time greats - the most important reflective or non-narrative filmmaker after Dziga Vertov."
- Susan Sontag
Notas prévias para apresentação próxima na FBAUP, "estreia nacional" de:
CHATS PERCHÉS
2004 / 58’20” / coul. /

Projecto INESC/FBAUP reunião

reunião na próxima segunda dia 14,
pelas 14h00 > sala de professores
OT:
1. planeamento da intervenção
2. que projectos?
seleccionados: Adelina Sofia Leal, Ana Isabel Brandão, Ana Cláudia Araújo, Bárbara Castelo Branco, Rui Silva, Selma Flor, Joana Campos, Bruno Oliveira, Dária Salgado, Manuela Silva, Matilde Rocha, Luciana Marques, Lígia Costa, João Vladimiro, Daniela Barbosa e José Duarte

quarta-feira, março 09, 2005

História da Comunicação II

Temas da aula de 16 de Março:
1. Conceito de CÓDIGO
2. Noção de VISUAL

Sessão Erasmus 15 de Março

Segundo forum de apresentação de trabalho realizado por alunos do 5º ano que chegaram de Erasmus
Terça, 15 de Março
14 horas
Aula Magna
Todos são bem-vindos

Convite para criação de logotipo: NAAM - FEUP

O recém-criado Núcleo de Aeroespacial, Aeronáutica e Modelismo da FEUP - Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (NAAM - FEUP) surge da vontade de alguns alunos com espírito empreendedor e inovador. Caracteriza-se como um projecto arrojado, com a finalidade de desenvolver, por parte dos discentes, o gosto pela investigação científica no ramo de engenharia.

A primeira actividade do NAAM-FEUP traduz-se na participação no concurso Air Cargo Challenge 2005. Conta com a participação de duas equipas denominadas BRUTUS e FLYBYFEUP.

De modo a envolver a comunidade estudantil, o NAAM organiza um concurso para criação dos logotipos para o Núcleo, bem como para as equipas participantes no Air Cargo Challenge. O logotipo vencedor, para cada classe, será adoptado.

Para informação adicional, contactar:
João Martins da Silva
joao.silva@fe.up.pt

terça-feira, março 08, 2005

Projecto INESC/FBAUP: amanha visita tecnica

Amanhã quarta feira dia 9, pelas 14h no átrio da Faculdade.
Vamos proceder a uma visita técnica e de reconhecimento às instalações do INESC Porto.
Abaixo se publica a lista dos alunos e alunas do 5º ano seleccionados para este projecto.
A não comparência nesta visita técnica representa um desistência individual no projecto.
Qualquer esclarecimento: adriano rangel 919456436

Alunos(as) eleccionados(as) projecto INESC/FBAUP:
Adelina Sofia Leal
Ana Isabel Brandão
Ana Cláudia Araújo
Bárbara Castelo Branco
Rui Silva
Selma Flor
Joana Campos
Bruno Oliveira
Dária Salgado
Manuela Silva
Matilde Rocha
Luciana Marques
Lígia Costa
João Vladimiro
Daniela Barbosa

reflex no aquario 08>18.03


reflex, originally uploaded by quintoanodesign.

quinta-feira, março 03, 2005

FORUM 02 - 8 M, 3ºf

Dia 8 de Março, 3º feira, pelas 14h00
sala 401 - pav. de design
Destinatários:
Todas alunas e alunos do 5º ano
Todos os professores do 5º ano

OT
1. Informações gerais (duração 30')
2. Projectos de parcerias (duração 30')
3. Áreas de Projecto: (duração 30' cada área)

terça-feira, março 01, 2005

Forum 5º ano adiado + apresentações

Na próxima semana a FBAUP vai receber a visita de uma comissão de avaliação externa do ensino superior. A reunião de início de trabalhos foi marcada para dia 7, segunda-feira, às 15 horas. Para esta reunião foram convocados alguns professores do 5º ano, o que significa que o forum do 5º ano, agendado para o mesmo dia e hora, não se poderá realizar. Estamos neste momento a tentar confirmar a possibilidade de o forum se realizar no dia seguinte - terça, dia 8, às 14 horas. No entanto, só quinta-feira de manhã é que esta nova data estará confirmada. Por favor consultem o blog nessa altura, e passem a palavra.

Lisboa: LX, PT ou SL ?

Gonçalo Falcão

Quando as pessoas se começaram a juntar e a viver em comunidade, rapidamente se aperceberam que precisavam de símbolos de união. Totens, estandartes, bandeiras, padrões de tecido simbolizam valores colectivos e cimentam a união. Traduzem algo em que todos se reconhecem; algum feito, líder, episódio ou deus(es) com os quais o grupo partilha valores e convicções.

Lisboa reconhece-se num episódio curioso de uma transladação em 1173: uma barca traz um cadáver do Algarve para Lisboa, acompanhada por dois corvos. Os Lisboetas adoptaram este episódio e revêem-se nesta imagem de um porto eleito, acolhedor, cosmopolita e aberto ao que vem do mar, desde pelo menos 1233. E viveram felizes com esta ideia durante 8 séculos.

Jorge Sampaio, tendo ganho em 1990 a presidência da Câmara de Lisboa, achou que a iconografia precisava de uma «movida». Claro que o símbolo tinha sido redesenhado inúmeras vezes ao longo de setecentos anos e não podemos considerar que haja uma versão definitiva. Mas desta feita a operação foi profunda, resultando numa redução e simplificação. Um só corvo colocado sobre a palavra Lisboa que aparentava ter sido esboçado sumariamente. Ficámos pior, mas ainda assim havia um sentido simbólico que se mantinha.

Sampaio desiste e segue-lhe Soares filho. Mais uma vez o corvo e a barca têm que se moldar à voz do dono e passam a ser um apontamento tipo borrão que perfaz o braço direito de uma enorme estrela, um símbolo vulgar e plurisignificante. Também não deixou saudades.

Soares filho perde e ganha Santana Lopes. E a imagem da câmara volta a mudar. Com Santana Lopes a marca abandonou definitivamente 772 anos de história e assumiu contornos novos.
A solução para a nova marca da cidade não foi discutida, nem participada, nem concursada. Apareceu de mansinho no site da CML, com uma descrição pateta de «imagem de marca forte e moderna, com grande receptividade em eventos nacionais e internacionais». Sem uma consulta aos Lisboetas, Lisboa passou a LX.

Esta nova marca foi desenhada pela Euro RSCG e é francamente pobre: «foi pensada com o objectivo de comunicar a cidade e promover uma atitude activa, através de uma nova forma de olhar para a cidade e de referentes conceptuais inovadores». «Há que conhecer Lisboa e com ela interagir através dos nossos 5 sentidos, provocando em cada um de nós uma atitude activa em relação à cidade através de um conceito que se nos dirige de forma pessoal, captando o nosso interesse e responsabilizando-nos perante a cidade. Provocar o sentido de curiosidade e também o de responsabilidade enquanto turistas e cidadãos. “Sentir Lisboa” é “Melhorar Lisboa”». Mas a Câmara quando aprovou isto não percebeu que a ideia de conhecer Lisboa com os 5 sentidos (que é por si só simplista) não está expressa? Que é preciso mais do que pintar cinco elementos de cores diferentes para poder dizer que cada cor representa um sentido? Porque é que o azul ultramarino é igual a «ouvir»? E o azul claro «ver»? O que é «Sentir Lisboa», ou sentir uma cidade?.
É tão fácil fazer design assim. Já repararam que este discurso, de tão vago que é, dá para qualquer cidade do Mundo? Sentir Xangai é melhorar Xangai? Porquê? «Há que conhecer Tikrit com os 5 sentidos, provocando em cada um de nós uma atitude activa em relação à cidade através de um conceito que se nos dirige de forma pessoal». Qual é o conceito que se nos dirige de forma pessoal? Não há uma ideia, quanto mais um conceito.

Além da ausência de um discurso interessante, a nova marca da capital é má em termos técnicos. O xis é sugerido pela disposição de cinco quadrados irregulares de cores diferentes. Aqui temos dois problemas. O primeiro é que só o preto pertence à heráldica da cidade. E se se tivesse escolhido as cores que de facto pertencem ao Brasão de Lisboa (ouro, negro, prata, verde) talvez se tivesse evitado o segundo problema. É que esta marca é quase inaplicável (como a Câmara percebeu pouco depois): se o fundo for preto, o L desaparece. Se for azul escuro ou claro, verde, amarelo, vermelho ou laranja, uma das pintas não se distingue e o xis fica coxo. Sabendo-se que a marca de uma cidade tem um leque enorme de aplicações e sobre uma imensidade de suportes e materiais, não devia ser a capacidade de se manter íntegra e perceptível quando usada um critério fundamental ?

Estas coisas custam dinheiro. Aprovada em Maio de 2003, em Março de 2004 é apresentada uma nova imagem. A vereação voltou atrás e pediu à mesma empresa para reintroduzir a nau com os corvos ao lado da designação Lisboa. Estas coisas custam mais dinheiro. Do processo de remake fica o registo de uma gestão camarária que se esqueceu de se representar e volta atrás, mantendo o grosso da asneira.

Mas diga-se em respeito pela verdade que a Câmara Municipal de Lisboa não aboliu a heráldica anterior. A edilidade criou uma marca nova, que utiliza superiormente à oficial, que é o sinal deste período governativo. E este novo cunho de Lisboa serve para quê afinal? Para que se saiba que a rua X foi repavimentada ou que se fez uma chafarica ou um canteiro por ordem da actual vereação. A marca de Lisboa é apenas e só o timbre de um período.

Os munícipes e o enquadramento histórico e simbólico da cidade não interessam muito a esta nova imagem; é tão neutra e descomprometida com o que supostamente representa, que poderia perfeitamente ser a marca de Santana, acompanhando agora o seu desempenho primo-ministerial. Poderíamos ter um PT de Portugal, em que o T era constituído pelos 5 quadrados coloridos e quando Santana sair da Governação usaria a marca na versão SL, com o L feito com os quadrados toscos, até novo aplique. Seria um estrutura formal, adaptável e colorida, descomprometida e sem conteúdos, que se molda à carreira política do seu mentor. Poupava-se e reciclava-se.

O design procura contribuir para o bem comum, por isso, um trabalho com o de interrogar e eventualmente redesenhar a marca de um grupo de pessoas tem que forçosamente ser feito com elevação, reflexão, respeito pelo passado e vontade de contribuir para o futuro. Uma nova imagem para Lisboa deveria ser muito mais que um ferro de marcar das vereações, que é imposto à força e de forma dolorosa, e ainda por cima em património que não lhe pertence.

Sujeito Passivo

Gonçalo Villa de Freitas
goncalovfreitas@gmail.com

Aqui há um tempo reflectia-se num Fórum TSF sobre os dados divulgados do INE relativamente aos índices de literacia da população portuguesa, em que um dos indicadores era a (in)capacidade de preenchimento da declaração de IRS.
Não me lembro dos números, mas sim que os resultados eram assustadores. Mais assustadores, para mim, porque me incluía dentro daqueles que não sabem o que significa “despesa com dependentes, desde que inscritos no art. 34 do código do Cirs, à data do exercício corrente no caso do sujeito passivo A não ser o mesmo que o B”. Este exemplo não sendo real, corresponde à imagem que guardo, o que é relevante em si mesmo. As conclusões que se tiravam, destes resultados, eram todas relativas à incapacidade do utilizador, sem nunca se aflorar a hipótese do problema estar no facto do objecto estar mal concebido em relação aos seus objectivos.
O enunciado do problema, da Direcção Geral de Contribuições e Impostos poderá ser sintetizado desta forma:
1. A DGCI pretende adquirir os dados de sujeito X para que posteriormente um sujeito Y os possa inserir num sistema, de acordo com determinados critérios e códigos.
2. Esta operação é um serviço que a DGCI presta ao sujeito X de forma a criar um contexto em que ele possa exercer os seus deveres de cidadania.
3. O sujeito X representa um universo variável e subjectivo, enquanto o sujeito Y é um funcionário da própria DGCI.
4. Ninguém será responsabilizado perante o insucesso da resolução do problema e os ordenados não dependem dos resultados obtidos.
Este último ponto é determinante porque anula a complexidade do problema.

A criação de um interface entre os cidadãos e o sistema fiscal, tal como qualquer processo de comunicação, tem uma dupla funcionalidade. A de suprir uma necessidade e a de criar uma identidade. Aquilo que, vulgarmente, em conversas corresponde ao “modo como dizemos” e que em termos de comunicação tem tanto, ou mais, significado do que aquilo que dizemos. Em primeiro lugar, influencia a interpretação que o interlocutor faz do que é dito, em segundo lugar identifica o relacionamento que com ele pretendemos estabelecer.
O ponto 4 anula esta vertente e indica a solução autista: a principal condicionante para a concepção do formulário é a relação entre os sujeitos Y e o sistema. Por outras palavras, a prioridade é dada à maneira mais eficaz de inserir a informação no sistema informático, por parte dos serviços da DGCI. Os sujeitos X que se danem.
Desta forma, a organização e classificação da informação, a terminologia e layout dos formulários privilegiam a adequação às necessidades de transposição dos dados do suporte de papel para o informático. E admito que, deste ponto de vista, o resultado é muito bom. A DGCI canalizou todo o seu esforço no suprimento das suas próprias necessidades relegando o cidadão/contribuinte para o papel de sujeito passivo. Criando desta forma uma relação de hostilidade entre os cidadãos e o estado, uma vez que a relação que se estabelece é sempre difícil porque foi pensada para ser amigável para o funcionário público. Pagar os impostos é uma obrigação e pronto.
A partir do final da década de 90, entra em cena a DGITA, Direcção-Geral de Informática e Apoio aos Serviços Tributários e Aduaneiros, cujo objectivo é “a promoção da relação com os contribuintes e operadores económicos, implementando procedimentos de atendimento automático, onde se insere o serviço de Declarações Electrónicas fiscais.”
Portanto muda o suporte. No entanto, nos primeiros anos, a prática foi a de apenas trasladar o objecto de papel para o ecrã.
Temos naturalmente tendência para transferir os modos de comunicação tradicionais para os meios emergentes. Este é um erro recorrente, basta para isso atentar à designação página de Internet. Só com o passar do tempo começamos a assimilar as características específicas dos novos meios. Onde outrora tínhamos a página toda num olhar, agora estava a página seccionada, o que aumentava a sensação de desconforto.
A partir de 2003 deu-se uma alteração significativa no panorama fiscal, com imediato reflexo no volume do serviço, aumentando para mais do dobro o nº de declarações electrónicas entregues. Pela primeira vez o sujeito X passou a ser considerado na concepção do modelo da declaração.
Uma vez feito o registo e adesão (simples e eficaz) fazemos o download do aplicativo que substitui os “impressos”. O interface é bastante claro para quem estiver minimamente familiarizado com o Windows “na óptica do utilizador”. O acesso aos diferentes “quadros” do formulário, faz-se através de uma barra de navegação, evitando percorrer toda a sua extensão e apesar da terminologia se manter idêntica, existe uma clara identificação dos campos a preencher. A ajuda, ajuda de facto, existindo a possibilidade de a visualizar em simultâneo com o preenchimento, os somatórios são automáticos e existem alguns campos com as hipóteses predefinidas a seleccionar.
Acresce a vantagem de poder fazer a entrega da declaração a qualquer hora e a partir de qualquer lugar. Finalmente, o resultado da sua impressão é exactamente igual aos formulários em papel, o que comprova que existem formas alternativas de adquirir os mesmos dados e que se deve inferir da experiência da declaração electrónica que a declaração em papel deve ser objecto de análise e adequação a todos os seus utilizadores, evitando que a sua concepção corresponda exclusivamente ás vontades e exigências da “máquina fiscal”.

Marcas património nacional ?

Gonçalo Falcão
gfalcao@ideia-ilimitada.pt


O design gráfico assenta sobre materiais muito perecíveis. Ao contrário da arquitectura, por exemplo, a maior parte dos suportes do design — papel, cartão, vinil, plásticos, etc. — deterioram-se muito rapidamente. Este facto está directamente relacionado com o facto de, a maior parte das criações do design de comunicação terem uma vida útil pequena. Um mostrador para um produto, um outdoor para uma campanha, um mupi, um desdobrável, uma etiqueta, uma embalagem, têm uma vida útil curta. Da arquitectura espera-se o contrário, a imortalidade.
Com excepção dos livros, os objectos impressos têm uma insustentável leveza e tendemos a vê-los como lixo predestinado.

As marcas — os símbolos e os logótipos — têm uma natureza semelhante à dos objectos impressos; ou melhor, como os suportes em que assentam não têm o peso do cimento e da pedra, aparentam ser muito facilmente demolíveis. Há duzentos anos, uma empresa era um nome, representava uma família. A falência era vista como uma desgraça, uma vergonha, que poderia levar até ao suicídio. Hoje em dia, uma empresa é uma entidade contabilística sem rosto e a falência um dispositivo financeiro. As grandes empresas e as marcas de grande exposição já não são projectos pessoais. São resultado de fusões, compras, anexações de «áreas de negócio». As marcas deixaram de identificar um produto para representarem uma escolha, uma maneira de consumir.

No entanto, a marca de uma empresa pode, como no caso de uma empresa nacional como a EDP, ser muito mais importante para o país que um edifício da EDP. Até que a sua sede.
As marcas das empresas e das instituições têm uma vida pública; comunicam connosco e nalguns casos fazem parte do nosso dia-a-dia, do nosso património afectivo e de uma identidade colectiva. Por exemplo: o símbolo da Eurovisão que aparecia no ecrã no tempo dos dois canais e que nos fazia sentir parte do mundo (numa altura em que não havia internet nem expressões como “aldeia global”) faz parte do património afectivo de grande parte da população. O símbolo da TAP (como o da Swissair para os suíços) é um dos elementos que ajuda a construir uma identidade colectiva em Portugal (o desaparecimento da Swissair foi motivo de enorme tristeza para os suíços e o surgimento da Swiss, com novos símbolos, não foi o suficiente para colmatar essa melancolia do desaparecimento da empresa que «representava» a Suíça, nos ares).

Actualmente tenho a sensação que algumas empresas, especialmente as de capitais públicos, mudam de imagem só para dar dinheiro a ganhar a algumas «agências de comunicação». Até porque, normalmente, uns meses depois de mudarem, voltam a remudar, repagando o serviço à mesma empresa que aparentemente o tinha executado mal (CML, RDP, etc).

A EDP – Electricidade de Portugal, é um caso exemplar do canibalismo das marcas que se vive actualmente, e serve para demonstrar, que talvez fosse necessário, à semelhança da arquitectura, criar a noção de património classificado nas identidades das empresas e das instituições.
Não para que fosse impossível mudar, mas para que houvesse uma consciência da excelência de algumas marcas e da importância que têm para a identidade nacional.
A companhia de seguros Tranquilidade, por exemplo, é um dos exemplos de perfeição que há em Portugal. O símbolo da Tranquilidade1 — um «t» protegido por uma redoma que lhe permite recostar-se, descansar e alongar-se, incorpora, com uma simplicidade, equilíbrio e flexibilidade extremos, a ideia de uma companhia de seguros. Não só do que é que faz uma companhia de seguros, mas das vantagens que proporciona. O símbolo foi desenhado no final da dácada de 602 (provavelmente 1968), é intemporal (não está formalmente associado a uma época) e é original (distingue-se da concorrência). Tem sofrido alterações subtis de forma a acompanhar a vida da empresa.

A EDP é o contrário. Surgiu depois do 25 de Abril com a nacionalização das Companhias Reunidas de Gás e Electricidade e com uma marca desenhada Por José Santa-Bárbara3. Em 1991, por razões políticas, a empresa partiu-se em três e surgiu a necessidade de mudar a imagem. Em concurso, ganha Carlos Rocha — Letra Design, com uma marca que sobreviveu bem até 20044. Altura em que volta a mudar5, sem concurso e sem razões aparentes.
A primeira marca, uma simplificação da sigla através de um raio. Na segunda marca o símbolo passa a ser o que gera a electricidade e o que ela faz gerar. Uma representação de uma turbina está ligada à ideia da produção, mas também à ideia de movimento que é produzido pela energia.
Percebe-se que a EDP pensasse que, passados 13 anos e com a mudança do negócio da energia, a marca não lhe servisse e quisesse direccionar a marca em direcção ao consumidor, ao utilizador doméstico. Sem querer aqui fazer grandes considerações sobre esta opção, que é perfeitamente aceitável, atentemos no resultado.

Diz a EDP: «Mudámos para estar mais próximo de si» e nós sabemos que estão à mesma distância. A EDP não mudou nada no nosso serviço. Nem sequer as facturas ficaram descodificáveis. «Assistimos recentemente ao renascer da EDP, com uma nova cara. Um sorriso — sincero, espontâneo e próximo de todos.”. Renascer da EDP? Sorriso sincero? Próximo de todos (nas facturas?).
Que marotos; a brincar connosco. Um sorriso. É isto que representa uma empresa estrutural para o país. Na opinião da companhia o sorriso resume tudo. Não falam de electricidade, de energia, de consumo (ou redução dele) de ambiente… sorriem. Corra mal ou bem, sejam os serviços competentes ou não: alegra-se. É mais uma daquelas imagens que dá para tudo. Podia ser da EDP, da PT, da Edifer, do Pingo Doce ou do Ás-das-Farturas.

Da da Edifer, do Pingo Doce ou do Ás-das-Farturas talvez não pudesse ser. É que sendo estas empresas privadas, têm cuidado com o que dizem, com a forma como se apresentam no mercado; querem diferenciar-se da concorrência e focar num produto ou serviço. O novo símbolo da EDP, que acaba com o anterior escusadamente, só poderia ser de uma empresa de capitais públicos, onde um sorrir parece ser suficiente para representar o negócio de fornecer energia e soluções energéticas a consumidores privados e a grandes empresas. Muito riso, pouco siso.

Papel de embrulho

Inês do Carmo


Quando A CAPITAL editou os postais da “Lisboa Antiga” dei comigo na ladaínha do “olha como isto era”. Por habitar numa zona de construção pombalina, são inevitáveis as comparações entre o “antes” e o “agora”: o reconhecimento do espaço é facilitado dada a inalteração da maioria da arquitectura. Mas então, se os edifícios são os mesmos, as ruas são as mesmas, o céu é o mesmo, o que é que o jogo das sete diferenças pode encontrar? Para além da evidente mudança das indumentárias, nota-se uma degradação visual que não está nos edifícios em si mas colada a eles, apensa, aposta, sobreposta, anexa, em cima, à frente, atrás. É um terrível ruído que perturba o espaço, que nos tolhe a visão do que é realmente importante embrulhando o essencial: fios de telefone, de electricidade, de cabo, altifalantes, projectores, toldos e, mais importante, a publicidade exterior.

Nos últimos anos, a publicidade tem tomado proporções exponencialmente avassaladoras tanto em número como em género, no grau de agressividade, usando cada vez mais recursos tecnológicos, com maior variedade de formatos e suportes, tornando-se cada vez mais invasiva. Diariamente, num simples percurso casa-trabalho-casa, cruzamo-nos com cartazes, outdoors, placas, banners, televisões, bandeirolas, tabuletas, insufláveis, neons, paineis, folhetos, flyers, mupis simples, com luz, movimento, cheiro, tridimensionalidade e interacção. Estão dentro do autocarro, fora, atrás ou à volta, nas paragens, no metropolitano (onde não temos hipótese de fuga), nas empenas dos edifícios, nos andaimes, nos automóveis, nas pontes, nos candeeiros, nos postes, nos semáforos, nos multibancos. Para além de a publicidade já ter invadido o espaço pessoal nos e-mails, nos faxes, nos parabrisas, no telemarketing que insiste em nos interromper o jantar, apropria-se cada vez mais do espaço público onde os cidadãos não têm a possibilidade de exercer o direito de se opôr à invasão com um autocolante amarelo de “Publicidade não desejada, não!”.
No meio urbano, estas mensagens impositivas interferem com os referenciais arquitectónicos, criam barreiras visuais (e físicas), condicionam o espaço, confundem e minimizam a sinalética informativa, perturbam a harmonia dos vários componentes da cidade. Os níveis de segurança são postos em risco com a sua presença e desviam a atenção do que é fulcral, O conforto visual sofre com a sua interferência. A lógica espacial fica comprometida.

Se, por um lado, têm surgido movimentos reguladores dos conteúdos publicitários, não se sente – pelo menos em Portugal – uma preocupação real com a presença e integração da publicidade, enquanto elemento físico, nos meios urbanos. Os projectos de requalificação urbana e valorização ambiental pouco ou nada apresentam sobre este assunto e a concepção de modelos e de integração da comunicação no espaço público está ainda muito limitada a projectos de sinalética.
À partida, parece-me fundamental a contenção, limitando a quantidade de suportes de publicidade. Geralmente, cabe aos Municípios a função reguladora estando qualquer forma de publicidade sujeita a licenciamento prévio da Câmara. Até aqui tudo bem. No entanto, se consultarmos o “Regulamento de Publicidade” da Câmara Municipal de Lisboa, apercebemo-nos que nos artºs 4º, 5º, 6º e 7º, referindo-se a Limites, são referidos materiais, suportes, locais específicos, medidas e posicionamentos, mas nada diz sobre limites quantitativos. E mesmo os limites impostos são violados em cada virar de esquina. Basta olhar.
É então incontestável que para além de um deficiente poder regulador, esbarramos ainda num inexistente poder fiscalizador. O resultado está à vista: a degradação visual da cidade é galopante e, usando o mesmo princípio básico onde violência gera violência, ninguém estará motivado para estimar uma cidade que se apresenta descuidada.
No preâmbulo do Regulamento Específico de Publicidade na Baixa Pombalina e Praça dos Restauradores pode ler-se o seguinte: “ (…) numa óptica de preservação da imagem arquitectónica dos edifícios situados nesta área da cidade, estabele princípios que, de um modo geral, confinam a aplicação de mensagens publicitárias aos pisos térreos dos referidos edifícios.”. No entanto, mais à frente encontramos que “Muito se tem escrito sobre o “fenómeno” da Publicidade Exterior e não menos se tem especulado sobre as suas virtudes e seus malefícios (…). Toda e qualquer análise que se faça neste domínio, não pode, porém, alhear-se da realidade que é a existência da Publicidade Exterior como complemento indissociável das actividades comerciais e de serviços, e das consequências da sua gestão no contexto socio-económico de uma cidade”. Então, define-se que “Daí que se tenha decidido passar a admitir, com vários condicionalismos e restrições, a aplicação de mensagens publicitárias nas fachadas dos edifícios acima dos níveis dos pisos dos seus primeiros andares (…)”. É assumido e assinado.
É, sem sombra de dúvida, incontestável a inevitabilidade e o poder económico da publicidade. Assim como é indiscutível a sua presença nos referenciais culturais. Mas, actualmente, não se justifica a saturação dos meios urbanos com publicidade colocada de uma forma aleatória e desproporcionada. Países onde a regulação é eficaz, como a Áustria e a Bélgica, ou onde uma longa história de design estrutura a comunicação urbana, como o Reino Unido, não estão na falência. Pelo contrário. Por cá, ao chegarmos ao limiar de saturação, os resultados não são animadores: os cidadãos/consumidores sentem-se invadidos, atafulhados e incomodados. A cidade descaracteriza-se envolta num papel de embrulho “grátis!” ou “adira já!”. E as mensagens publicitárias dissolvem-se e aniquilam-se. É um jogo onde todos perdem.

inesdocarmo@sapo.pt

Aqui há design!

Margarida Oliveira

Ao entrar em Lisboa pela auto-estrada do Norte não pude deixar de reparar na frase de um outdoor “Três designs à sua escolha” que oferece – a quem quer comprar casa – o que julgo serem três opções de planta: provavelmente cozinha logo à entrada ou à direita da casa de jantar, quarto com closet ou amplo e sala em L ou com portas a meio…

Esta forma de usar a palavra design é um clássico em Portugal – “experimente este carro com design espectacular”, “veja a nossa colecção de sapatos de design moderno” ou “arranje aqui o seu cabelo com design e arte” – que tem a particularidade de reduzir o seu significado a modelo, aspecto ou aparência.
Em boa verdade não existe propriamente um erro nesta formulação. Ao distinguirem os objectos “com design” dos demais, as pessoas introduzem na sua leitura uma diferença, alguma mais-valia e reconhecem um projecto e uma intenção.
De qualquer modo, esta perspectiva não deixa de ser redutora.

O facto é que a faceta mais divulgada do design é a materialização em objectos, rodeados de publicidade e marcados com etiquetas, que correspondem, não raro, à imagem de coisa cara, sofisticada, boa para oferta. São marcas, edições exclusivas, modernices…
Acontece que, nem o design é apenas um exercício de sofisticação, nem deve andar arredado das preocupações do dia-a-dia. Na realidade, está ou deveria estar presente nas coisas práticas, facilmente utilizáveis, pouco dispendiosas, funcionais, carregadas de sentido…O design na essência é democrático e transversal à sociedade.

Porque é que a chave do seu carro há-de ter design e o descascador de batatas não?
Não sente a falta de sinalização em certos edifícios públicos?
Será normal, em caso de incêndio, perder-se num mapa para descobrir a saída?
Estas questões lembram casos em que a intervenção do design se demonstra necessária, mas não existe.

Mas outros há em que ela existe e não é notada.
Já alguma vez pensou que, havendo letras com patilha e outras sem, umas estreitas, outras largas, e tantas de desenho tão diferente, o designer que criou a lista telefónica teve que pesar as alternativas antes de optar?
Sabia que a administração pública inglesa determinou, em tempo de guerra, que o design das cartas se faria alinhando todos os textos à esquerda, permitindo obter uma economia de cerca de 15% nos custos de dactilografia, correspondente ao tempo despendido a acertar as linhas do endereço e datas.

São exemplos do que se poderia chamar de design invisível.
Quando é bem feito não se nota. Sente-se apenas a sua falta.
Não acredita? Então repare: é ou não importante a clareza visual e hierarquia de informação nos impressos dos impostos? E alguma vez lhe passaria pela cabeça pedir: “Passe-me um desses impressos com design, por favor!”?
Preparar um documento desse tipo exige um aturado trabalho de investigação – é preciso conhecer perfeitamente as necessidades de informação a constar (reduzindo-a ao mínimo), entender as consequências do preenchimento de cada campo para poder determinar a sua hierarquização e divisão visual – sempre tendo em vista responder à facilidade no preenchimento e considerando quem vai, e como se vai depois, lidar com a informação recolhida.

Outra vertente do design invisível é aquela em que o designer pode ter como função analisar uma determinada situação, identificar os problemas existentes e criar um conjunto de recomendações ou um sistema de actuação, sem criar um objecto propriamente dito. Nestes casos, mais do que um resultado, é uma metodologia que está em causa.
Metodologia essa que pretende introduzir alguma ordem e intenção na criação de objectos ou na comunicação de ideias.

Li há tempos sobre o caso de um designer italiano que recebeu o convite para trabalhar com uma pequena Comuna que registava problemas sérios de comunicação com os munícipes. Deles não surgiam comentários nem sugestões e a participação na vida comunitária era praticamente nula. Começou por se inteirar das responsabilidades da Comuna, actividades levadas a cabo, problemas principais e condicionantes materiais existentes.
Uma vez que lutavam com dificuldades financeiras, mas dispunham de um parque gráfico próprio, embora rudimentar, decidiu desde logo tirar partido desses meios.
Identificou as prioridades e passou à prática. Criou uma identidade visual e produziu um linha gráfica simples, facilmente identificável e imediatamente reconhecível nos primeiros posters editados, colocados no comércio local. Tinham informação dos programas e horários de actividades que decorriam. Editou um boletim regular e um conjunto de postais de resposta paga para reclamações e sugestões.
Gradualmente, a população começou a mobilizar-se, a reagir e a participar. Ao déficit notório de comunicação, sucedeu-se uma política de proximidade. Não se tratou apenas da criação de objectos, mas da avaliação correcta de uma situação e do estabelecimento de um programa de intervenção. Um trabalho harmonizador, transversal e nem sempre visível.
Portugal conhece o design há relativamente pouco tempo.
Talvez porque ainda está longe de entrar no domínio comum, e não porque pediu emprestada uma palavra estrangeira, o “design” aparece-nos sistematicamente com aspas. O que é pena.
Numa altura em que as mentes se agitam à procura de soluções para a deficiente economia portuguesa, uma aposta no design invisível podia ser o factor decisivo de competitividade.
Mais do que criar objectos especiais, caros, únicos, modernos, e muitas vezes inúteis, era importante produzir conteúdos sérios, discutir necessidades e prioridades, criar sentido na sociedade.