segunda-feira, outubro 25, 2004

Henrique Nono

de Martin Amis

texto referência para projecto 01, fotografia II


O Rei não está no seu escritório, a contar o seu dinheiro. Está numa sala de estar na Place des Vosges, a absorver péssimas notícias. O escudeiro na poltrona em frente chama-se Brendan Urquhart-Gordon. Entre do dois, pousada na mesinha de vidro, uma fotografia de face para baixo e uma pinça. A própria sala era uma fotografia: durante vários minutos nenhum dos homens mexeu ou falou.
Faltava um vibração para animar a cena e ela veio: a nota de um diapasão, como se uma das mil facetas do lustre de pingentes se ajeitasse minuciosamente dentro dessa tonelada de vidro.
Henrique IX disse:
— Que mundo terrível este em que vivemos Bugger. É mesmo… nojento, aterrador, este mundo.
— É, sem dúvida, sir. Permita-me que sugira um brandy sir.
O Rei aceitou. Urquhart-Gordon tocou a campainha. Mais vibrações: escandalosamente agudas. O criado, Love, surgiu à porta, lá na ponta da sala. Urquhart-Gordon não tinha nada contra Love, mas incomodava-o chamá-lo pelo nome. Como pode haver quem queira um criado chamado Love?
— Dois Remy reserve, grandes, por favor, Love — pediu ele.
O Defensor da Fé (chefiava na verdade a Igreja de Inglaterra, episcopaliana, e a Igreja da Escócia, presbiteriana) prosseguiu:
— Sabes, Bugger, isto abala a minha fé. E a tua não?
— A minha fé foi sempre uma palha fina, sir.
Expressão improvável, talvez, vinda de um homem com figura de paxá. Calvo, tez morena, sanguíneo, com um cérebro judeu (dizia-se) pelo lado da mãe.
— Abala-a até à medula. Esta gente passa realmente das marcas. Não. Pior. Calculo que façam todos parte do maldito «círculo».
— É possível, sir.
— Por que… Como é possível que tais criaturas façam parte dos plenos do Senhor?
Love voltou a entrar e, ao aproximar-se, talvez uma dúzia de relógios, um após outro, começaram a dar horas. Homem institivamente prático, Urquhart-Gordon reflecte e pensa que há mais trabalho a fazer pela modernização do «a» aberto do Rei. Particularmente em tempos de crise, o som era quase o da pronúncia de antes da guerra. As faces rosadas de Brendan tornaram-se por momentos muito mais rosadas ao recordar a visita de Henrique, enquanto Príncipe de Gales, à casa de repouso sindical em Newbiggin-by-the-Sea e o Príncipe ao piano a cantar «O Meu Velho é Lixeiro»: «O meu velho é lixeiro, / Usa chapéu de lixeiro, / Anda com as calças da ferda / E mora num pardieiro!» O Quarto Estado não tardara a comentar que a verdade era outra: o velho de Henrique foi Ricardo IV e viveu no palácio de Buckingham.
Com a cara um pouco desviada dos humores dos balões de brandy, Love continuava a aproximar-se deles a ainda lhe faltava um bom bocado. Eram seis e cinco quando saiu da sala.
— Desculpa-me, Bugger. A minha cabeça está oca. Entregue…?
— A fotografia foi-me entregue em mãos nos meus aposentos, em St James. Num vulgar envelope branco.
Foi este envelope que Urquhart-Gordon tirou então da sua pasta. Entregou a bolsa transparente com o fecho de correr a Henrique IX, que lhe deu uma olhadela mais do que medianamente confusa. Mr Brendan Urquhart-Gordon Esquire e, no canto superior, Particular e Confidencial.
— Nenhum bilhete a acompanhar. A caligrafia e o redundante «Esquire» sugerem punho pouco instruído ou estrangeiro, ou uma tentativa de nos fazer crer isso mesmo. A segurança poderá dar-nos mais.
Urquhart-Gordon estudou a expressão carregada do rei. Normalmente, Henrique IX usa o seu espesso cabelo louro puxado para o lado, sobre a testa. Mas agora, no seu régio desarranjo, a madeixa cai numa franja rebelde, o que lhe torna os olhos ainda mais salientes e inflamados. Henrique IX, olhou-o carrancudo e, em resposta, Urquhart-Gordon encolheu os ombros e disse:
— Aguardamos mais notícias.
— Chentagem?
— Bem. Diria extorsão. Parace bastante evidente que isto não é obra dos jornais, no sentido habitual. Se fosse, então estaríamos a olhar para essa fotografia numa revista alemã qualquer.
— Bugger!
— Lamento, sir. Ou na internet.
Com um gesto de repulsa, Henrique IX foi apara pegar no objecto pousado na mesa. A sua mão vacilou.
— Use a pinça, sir, por favor. Volte-a com a pinça.
O rei assim fez.
Não via a sua filha nua há uns três ou quatro anos e, mais do que tudo o resto, sentiu-se ferido, sentiu-se amargamente comovido ao ver quanto de mulher havia já nela, na sua menina que ainda brincava com as bonecas. Isto, a par do ar sonhador, inofensivo, do rosto, levou o pai a cobrir os olhos com a manga.
— Oh Bugger.
— Oh Hotty.
Urquhart-Gordon olhou por sua vez. Uma rapariga de quinze anos no que era obviamente uma banheira branca, com os braços puxados a um lado, as pernas dobradas num ângulo, dentro de quinze centímetros de água: a princesa Vitória no seu traje de nudez, a sua fantasia de nudez, prefigurando a feminilidade. As notórias linhas do bronzeado sugeriam o Verão: ela parecia, além do mais, estar com um biquíni espectral. Urquhart-Gordon verificara os itinerários registados: aparentemente, a princesa limitara-se a ir de férias. Mas tinha voltado há seis semanas para o colégio interno e já se está quase em Novembro. Porque terão esperado, reflecte ele. Há qualquer coisa na expressão da princesa que o preocupa, que o inquieta ainda mais: a elevação das pupilas… A propósito, a alcunha de Brendan Urquhart-Gordon deriva das suas iniciais, a de Henrique IX, de ter feito o papel de Hotspur numa produção escolar de Henrique IV, Primeira Parte.
— Achas — pergunta o rei, infeliz — que a princesa e um… hã… uma amiga podem ter estado a brincar com a máquina fotográfica e… hã…
— Não, sir. E lamento dizer que acho muito improvável que isto fique por aqui.
O rei pestanejou. O rei obriga sempre a que se conte tudo.
— Deve haver mais fotografias da princesa. Noutras… poses.
— Perdoe-me, sir. Foi infeliz. A questão é: olhe para a cara da princesa, sir. É a cara de uma pessoa que pensa que está sozinha. Devemos consolar-nos com a ideia que a princesa estava e está na ignorância desta intrusão verdadeiramente sem precedentes. De todo inocente.
— Sim. Inocente. Inocente.
— Sir, autoriza-me a que chame o John Oughtred?
— Chama-o. E absolutamente mais ninguém, como é óbvio.
Henrique IX levantou-se, logo, Urquhart-Gordon fez o mesmo. Juntos começaram a andar, um tão aprumado, outro tão encurvado. Atingido finalmente o grande vão da janela central, os dois homens ficaram a olhar para o exterior através da renda, através da trama e teia. Projectores, gruas, guindastes, escadas rectrácteis: os bombeiros do Quarto Estado. Era véspera do segundo aniversário do acidente da rainha. Esperava-se que o rei fizesse uma declaração de manhã, antes de voar de regresso a Inglaterra e a seguir até à cabeceira da esposa. Porque a rainha não estava no jardim, a comer pão e mel. Estava ligada a determinadas máquinas, no Royal Inverness.
— Bem, sir. A divisa da família.
A divisa da família, inculcada em Henrique IX pelo seu pai, Ricardo IV, e o seu avô, João II, não é oficial. Em latim, talvez pudesse ter sido Prosequare. Em inglês é o seguinte: Get On With It [P’ra Frente é o Caminho].
— Que tenho para amanhã? Os da sida ou os do cancro?
— Nem uns nem outros. Os da lepra.
— Os da lepra?… Oh, sim, clero.
— Pode-se adiar, sir. Nem sei como marcaram isso, dado o significado da data — e, acrescentou, convidativo: — Se me permite, sir, marco então o Voo Real para dentro de, digamos… duas horas.
— Não, é melhor eu ir tratar disso dos leprosos, já que estou aqui. P’ra frente é o caminho.
Urquhart-Gordon conhecia o verdadeiro objectivo da visita de Henrique IX a Paris. Foi obrigado a esconder o seu espanto por, a despeito da natureza da corrente crise, o rei estar claramente decidido a ir para a frente (e a despeito da data atroz, do risco atroz). As suas sobrancelhas formam um arco enquanto faz uma série de deduções fascindas.
— E a seguir aos leprosos, que mais?
— Tem que estar no ar ao meio-dia, sir. Há a cerimónia em Mansion House às duas: a homenagem que lhe prestam os de Headway.
Henrique IX voltou a pestanejar para ele.
— A Associação Nacional das Vítimas de Traumatismo Craniano, sir. Depois segue para Norte — disse ele, e acrescentou superfluamente —, a ver a rainha.
— Sim, coitada.
— Sir. Tenho o Oughtred à espera e trato com ele logo, em St James. Temos que evitar a passividade, neste assunto… — abanou a cabeça e acrescentou: — Temos que descobrir por onde começar.
— Oh Bugger.
Urquhart-Gordon teve um impulso de estender a mão e afastar o cabelo da testa de Henrique IX. Mas isso iria surpreender o rei no seu horror a que lhe tocassem: a que um homem lhe tocasse.
— Tenho muita pena de ti, Hotty. Sinceramente, tenho.
Logo a seguir o rei saiu para o banho e Brendan foi sentar-se na sala. Tirou o óculos, ficaram só os olhos castanhos húmidos, vigilantes. Brendan tem um segredo: é republicano. O que faz ali, o que anda a fazer há um quarto de século, é por amor, tudo por amor. Primeiro amor pelo rei e, mais tarde pela princesa.
Quando Vitória esteve para… A Família passava férias em Itália (em algum castello ou palazzo) e levaram-na para dar as boas noites a todos, de roupão, pijama e chinelos com borlas, o cabelo todo puxado para trás pelo banho. Aproximando-se da mesa de jogo, graciosa, em bicos de pés, ela beijou os pais, depois trocou adeuses particulares com outros dois membros do grupo, Chippy e Boy. Sentado um pouco à parte, Brendan lavantou os olhos do seu livro numa expectativa afogueada: quando ela tacitamente o incluiu no trânsito final do seu olhar. Mas depois ela deu a mão à preceptora e virou costas, de cabeça baixa. E Brendan, sobressaltando-se, quase gritara, de desgosto, de completa derrota: por que sinto eu tanto se tu sentes tão pouco? Todo o sangue dentro de si… Brendan sabia que gostava talvez anormalmente da princesa. Seria uma mera paixão estética? Quando olhava para o rosto dela, sentia-se sempre como se estivesse com os óculos de ler mais graduados, de tal modo a carne dela se lhe arrojava, como as faces de uma cunha. Mas isso não explica o seu estado no salão em Itália, quando Vitória foi deitar-se sem lhe dar as boas noites: por exemplo, a tentação penosamente dominada de chorar. — Boa noite, Brendan — dissera ela na noite seguinte; e logo ele se sentiu soberbamente restabelecido. Era amor, mas que espécie de amor? Presentemente, ela tem quinze anos e ele quarenta e cinco. Teve sempre a esperança de que lhe passasse. Mas não passou.
Brendan voltou a olhar para a fotografia da princesa. Fá-lo de relance e com prudência. Foi prudente por si próprio. Pela informação sobre si próprio que daí poderia vir. Claro que a ideia é servi-la, servi-la sempre… Brendan pôs em ordem a sua pasta, preparando-se para a viagem até Orly, para o Voo Real até ao aeroporto da Cidade de Londres e par o jantar de trabalho com John Oughtred.

As oito horas aproximavam-se da Place des Vosges. No rés-do-chão, sob a abóbada alpina da cozinha, o segurança de serviço fitava, carrancudo, os cafés instantâneos… e as cartas de jogar, com os seus símbolos estranhos, espadas e moedas de um outro universo. No andar de cima, Love, com um guardanapo dobrado sobre o antebraço, punha mesa numcanto distante da sala de visitas. Estava a pô-la para dois. Fragrante após as suas abluções, o Rei ia palpando uma peça de mobiliário após outra. Nesta sala, tudo aquilo em que se toca é muito duro ou muito macio, valiosamente duro, valiosamente macio.
Claro que a casa pertence ao amigo especial de Henrique IX, o Marquês de Mirabeau. Menos conhecido é o facto de o marquês ter um outro apartamento na Place des Vosges…
Os relógios deram horas, primeiro à vez, depois em uníssono.
— Pode servir, Love — disse o Rei.
Encostado à parede, sobre o estrado do patamar atapetado, havia um chiffonier do tamanho de uma lareira medieval. O móvel começou então a rolar, deslizando para for a sobre o seu eixo plangente. E entrou He Zijen, bisneta de concubinas.
Love deu-lhe as boas vindas.

Quando os relógios voltaram a dar horas He começou a despir-se, tarefa que lhe levaria algum tempo. O rei, já nu, jaz indefeso na chaise-longue, como um bebé a quem vão mudar a fralda. À medida que tirava as peças de roupa, He ia-o acariciando com elas e depois com o que as roupas tinham contido. Acariciaram-se. Ele era duro. Ela era macia. E acariciavam-se.
Do candelabro veio um toque, uma vibração.

In "Cão Amarelo"
Editoral Teorema

Elas não percebem nada

de Boris Vian
texto referência para projecto 01, fotografia II



Antes de mais nada, bailes de máscaras é coisa que devia ser proibida. Chateiam toda a gente e a verdade é que no século xx já não estamos em idade de nos vestirmos de bandido siciliano ou para a grande ária da Tosca, só para ter o direito de entrar em casa de umas pessoas que têm uma filha com quem nos damos — porque esse é que era o problema. Estávamos a 29 de Junho e no dia seguinte a Gaya era apresentada à sociedade. Em Washington isso significa algo assim como uma estopada. E eu, amigo de infância de Gaya, do tipo irmão de leite… — estão a ver. Era rigorosamente obrigado a ir; nunca os pais me perdoariam se não fosse.
Mas então Gaya não teria podido apresentar-se às pessoas como todas essas mesmas pessoas? E com um vestido de noite normal? E com os rapazes de smoking? Aos dezassete anos já não está em idade de enfiar todas aquelas velharias de teatro… Não tem sentido nenhum?
Continuava a fazer a barba diante do meu espelho de aumentar sem me dar ao trabalho de levantar mais problemas: chagavam-me aqueles, que já tinham conseguido enfurecer-me. Recordava a boca de Gaya, as mão da Gaya, e o resto… — tudo mais do que exercitado para poider dispensar uma comédia daquelas.
Pronto. A minha fúria crescia cada vez mais. Pena era que o meu maninho Ritchie não estivesse por cá — porque lhe pediria que me medisse a tensão arterial. Os estudantes de Medicina ficam encantados quendo lhes pedem coisas dessas. Exibem então maquinal niqueladas com ponteiros, mostradores tubos, e contam-nos as batidas do coração ou medem-nos a capacidade respiratória, e nunca qualquer dessas chinesices serviu para alguma coisa. Mas já estava a desviar-me. Tornei a pensar na Gaya.
Ah, ela havia de gostar. Era de mulher que eu estava a mascarar-me. E todos os amiguinhos dela iriam andar à minha volta. Até o meu nome, Francis, calhava bem. Eles iam perceber Frances e estava pregada a partida. Durante todo o serão, a Gaya ia torcer a orelha sem deitar sangue, arrependida de ter dado um baile de máscaras. Como se, para ela, a melhor das máscaras não fosse uma florinha entre os dentes e a sua linda pele das costas, com dispensa de qualquer outra sofisticação.
Da minha janela de guilhotina aberta via um bocado da estátua de McClellan, no cruzamento de Connecticut Avenue com a Columbia. Abrindo-a mais um pouco, conseguia distinguir um canto da bandeira da Legação da Finlândia, entre a Wyoming Avenue e a Califórnia Street. Não muito distintamente. Faz doer os olhos. Toca a fechar a janela. Regressei ao espelho.
Minuciosamente barbeado, tinha a pele lisa como a de uma garota verdadeira, e com um nadinha de fonds de teint ficaria perfeito. A minha única preocupação era a voz. Ora…, com um copo debaixo do nariz nenhum daqueles idiotas iria reparar. O que mais me dava vontade de rir era a ideia de que o Bill ou o Bob me fossem convidar para dançar… Com os seios postiços da minha mãe e um bom slip bem apertadinho, não corria risco nenhum pelo lado dos sinais exteriores, mas não podia deixar de estoirar a rir…
Quanto à vestimenta, tinha-me fartado de puxar pela cabeça. Um vestido dos felizes anos 90, rendas, corpete, saia, meias pretas com fantasia lateral… e botinas de pelica, meus meninos… Tinha tudo isto com a ajuda dos meus amigos que trabalhavam no teatro.
O melhor talvez seja apresentar-me. Francis Deacon, saído de Harvard (mas não propriamente a grande velocidade), munido de um paizinho particularmente rico e de uma mãezinha superdecorativa. Vinte e cinco anos — aparentando dezassete —, más companhias: pugilistas, bebedolas, desordeiros e senhoras bonitas de quem se gosta por dinheiro —, um excelente partido. Nada mau tipo, com um grande pó aos intelectuais. Mais ou menos desportivo. Desportos suaves: judo, luta livre, vela, um pouco de remo, esqui, etc. Apecto lingrinhas – sessenta e cinco quilos e cinquenta e seis centímetros de cintura. A minha mãe tinha menos um que eu. Mas custava-lhe caro em massagens.
Sentei-me ao pé do espelho e peguei no objecto com que me preparava para me supliciar. Um grosso pau de cera especial que comprara no chinês da mãe e que ele afirmava usar regularmente para depilar as clientes.
Com um isqueiro numa das mãos e a cera na outra, fiz girar a roda e a chamazinha azul começou a lamber o translúcido cone truncado.
Derretia. Estendi a perna e, truca!, colei a coisa aos pêlos “estendendo rapidamente”, como dizia o papel.
Cinco minutos depois, recuperada a razão, comecei a considerar que, realmente, se logo à primeira aquilo me cusava um tocheiro de crisal e um epelho de dois metros por dois, o melhor era ir directamente ao chinês.
Olhei para o relógo. Tinha tempo. Levantei o auscultador do telefone. Mandei para o diabo a avareza.
— Esá? Wu Chang? Daqui Francis Deacon. O senhor tem um minuto livre?
Ele disse que sim, naturalmente.
— Eu já vou — disse eu. — Daqui a cinco segundos estou aí.
A verdade é que cinco segundos para um tuo a coxear é pouco — calculei dez.





In, VIAN, Boris (sob o pseudónimo de Vernon Sulivan),
Elas não percebem nada, Relógio d’Água, Lisboa, 2003.

“Histórias de Mistério e Imaginação”

Edgar Allan Poe
“Histórias de Mistério e Imaginação”
texto referência para projecto 01, fotografia II


Perto do escurecer de um dia excepcionalmente quente estava eu sentado, de livro na mão, a uma janela aberta, de onde desfrutava, para alem de uma vasto panorama das margens de um rio, um monte distante, cuja vertente, virada para mim, havia sido desprovida, pelo que se chama um aluimento de terras, da porção principal das suas árvores. Os meus pensamentos haviam-se libertado do livro que tinha perante mim para a tristeza e desolação da cidade vizinha. Levantando os olhos do papel, deixei-os cair sobre a face desnuda do monte e sobre um objecto — sobre um qualquer monstro vivo de horrorosa conformação, que, com rapidez, se deslocou do come para o sopé, desaparecendo na densa floresta da base. Quando aquele monstro primeiro se mostrou, duvidei do meu próprio juízo, ou pelo menos da evidência dos meus olhos, e passaram-se muitos minutos antes que me convencesse que não estava doido nem a sonhar. (…)
Estimando o tamanho do monstro por comparação como o diâmetro das grandes árvores próximo das quais passou – os poucos gigantes que tinham escapado á fúria do aluimento –, conclui ser muito maior que qualquer barco de linha actual. A boca do animal estava situada na extremidade de uma tromba de dezoito a vinte metros de comprimento e quase tão grossa como corpo de um elefante vulgar. Próximo da base da tromba havia uma quantidade enorme de pêlo negro e hirsuto — mais do que podia haver nas peles de uma manada de búfalos —, do qual, projectando-se para baixo e para os lados desta, tinha duas gigantescas hastes, de dez a doze metros de comprido, feitas como que de cristal puro e em forma de prisma perfeito, que reflectiam de maneira mais esplendorosa os raios do sol poente. O tronco tinha a forma de uma cunha, com a ponta virada para baixo. Dele saíam dois pares de asas, cada uma delas com cerca de cem metros de comprimento — com um par colocado sobre o outro, e as assas espessamente cobertas com escamas de metal, escamas que pareciam ter três a quatro metros de diâmetro. Verifiquei que as partes superiores e inferiores das asas estavam ligadas por uma forte corrente. Porém, a principal peculiaridade desta coisa monstruosa era a imagem de uma caveira, que cobria quase toda a superfície do peito que estava perfeitamente traçada num branco radioso sobre o campo escuro do corpo, como se tivesse sido aí escrupulosamente desenhada por um artista. Enquanto contemplava este terrífico animal, e muito especialmente o aspecto do seu peito, com um sentimento de horror e de medo, com um sentimento de mal que se avizinhava e que me era impossível reprimir por qualquer esforço da razão, vi as enormes fauces na extremidade da tromba a abrirem-se de repente para soltarem um som tão forte e tão expressivo de terror que ecoou nos meus nervos como um dobre de finados. E quando o monstro desapareceu finalmente no sopé da montanha, caí desmaiado no chão.
Quando recobrei o ânimo, o meu primeiro impulso foi o de informar o meu amigo do que tinha visto e ouvido — e mal posso explicar que sentimento de repugnância, ao fim e ao cabo me impediu de o fazer.
Finalmente, uma noite, três ou quatro dias depois destes sucessos, estávamos ambos sentados no quarto onde eu tinha visto a aparição, eu no mesmo sítio, em frente da mesma janela, e ele estendido num sofá, junto a mim. A associação de lugar e de tempo impeliu-me a narrar-lhe o fenómeno. Escutou-me até ao fim, não sem começar por se rir com gosto, para de seguida adoptar uma atitude extremamente grave, como se a minha loucura estivesse fora de toda a dúvida. Neste momento tive novamente uma viao clara do monstro — para o qual, com um grito de terror absoluto, chamei a sua atenção. Olhou atentamente sustentando que não via nada, embora eu lhe indicasse minuciosamente o andamento do monstro, que descia a face escalvada da montanha.
Sentia-me terrivelmente alarmado, pois considerava a visão como um presságio da minha morte ou, pior ainda, como o prenúncio de um ataque de loucura. (…)
O meu anfitrião, em contrapartida, recuperou até certo ponto a tranquilidade de espírito e interrogou-me rigorosamente sobre a conformação do ser imaginário. Quando o satisfiz inteiramente sobre este ponto, suspirou profundamente como se se sentisse aliviado de uma carga intolerável, e começou a falar, com uma calma que considerei crueldade, sobre vários pontos de filosofia especulativa que, até então, tinha sido objecto de discussão entre nós. Lembro-me dele insistir muito especialmente, entre outras coisas, na ideia de que a principal fonte de erro em todas as investigações humanas reside no perigo que corre a inteligência em subestimar ou sobrevalorizar a importância de um objecto pelas simples avaliação errónea da sua distância. (…)
Nesta altura fez uma pequena pausa, dirigiu-se para o armário de livros e trouxe um tratado corrente de História Natural. Pedindo-me que trocássemos de assento para poder ver melhor os pequenos caracteres do livro, puxou a minha cadeira para a janela e, abrindo o livro, prosseguiu a sua dissertação mais ou menos no tom anterior.
— Não fora a excessiva minuciosidade que pôs na descrição do monstro — disse —, nunca me seria possível demonstrar-lhe do que se trata. Em primeiro lugar, permita-me ler-lhe uma descrição escolar do género Sphinx, da família Crespuscularia, da ordem Lepidoptera, da classe Insecta ou insectos. A descrição diz assim: «Quatro asas membranosas cobertas de pequenas escamas coloridas de aspecto metálico; a boca é formada por uma tromba enrolada, constituída pelo prolongamento das maxilas em cujas paredes laterais se encontram uns palpos Velosos rudimentares; as asas inferiores estão presas às superiores por cerdas; antenas em forma de haste alongada e prismática, abdómen pontiagudo. A esfinge de caveira tem ocasionado por vezes muito terror entre o povo, pelo tom melancólico do grito que emite e pela insígnia da morte que apresenta no tórax.»
Fechou o livro e inclinou-se para a frente, na cadeira, colocando-se precisamente na posição que eu ocupava na altura em que «vi» o monstro.
— Ah!, aqui está! — disse ele. — Está a subir a vertente da montanha e é na realidade um ser notável, admito. No entanto não é de modo nenhum tão grande nem está tão distante como você imagina. O facto é que, quando subia por este fio que uma aranha teceu no caixilho da janela, teria cerca de dois milímetros de comprimento total e estaria também a cerca de dois milímetros de distância da pupila do seu olho.

“Histórias de Mistério e Imaginação”
Edgar Allan Poe


domingo, outubro 24, 2004

"objecto experimental intermédia"

por adriano rangel

Lançam-se os dados:

1. "objecto experimental intermédia", o que é, ou, pode ser?
Objecto, ou dispositivos de objectos que articulem e integrem imagem, som e movimento desenvolvidos através de métodos de pesquisa e inovação dos quais resultará um evento mediatizado entre autor(s) e público(s).

2. Potenciar as “máquinas de visão” em dimensões multiplas. Ultrapassar o paradigma emissor/recepctor. Um programa de multiplos emissores torna mais livre a escolha do público, portanto o fenómeno da comunicação torna-se mais colectivo. Pode mesmo constituir um fruir do processo da comunicação ou/ da transcomunicação, se calhar da não comunicação.

3. Reconhecimento da importância de que o espectador e o contexto podem determinar a dimensão estética dos objecto. Hoje, as possibilidades criativas podem depender da contextualização, da descontextualização e da recontextualização. Ou até do conhecimento das regras de constução para se deconstruir.

"Pensar por imagens é talvez o único processo eficaz de que a inteligência dispõe para perscrutar os altos problemas da filosofia, da ciência e da arte".

Manuel Teixeira-Gomes, Escritor e 7º Presidente da Rép. Portuguesa, in Carnaval Literário, 1938

4. A imagem como elemento estruturante da linguagem do artista plástico, do designer, do cineasta e do cientista. A dimensão pedagógica da imagem potencia os mecanismos de comunicação do grupo.

5. Interpretar os modelos e praxis inerentes aos novos aparatos audiovisuais de produção e reprodução de comunicação, aparatos esses capazes de desenvolver mensagens e discursos visuais dos quais decorram atitudes de elevada cooperação e integração do indivíduo no colectivo.

6. Adquirir na teoria e na prática a compreensão dos fenómenos da comunicação visual como base rigorosa de um sistema: significado/ser/estrutura/forma/produto/contexto

7. Estruturação, pré produção, produção e pós produção de projectos visuais desenvolvidos em suportes digitais e/ou analógicos, baseados numa grelha de trabalho: conteúdo, organização e navegação, design visual, eficácia, compatibilidade e interactividade.

8. O princípio da criatividade pode resultar da integração de conhecimentos diferenciados sistematizados em ordem a um referencial estético contemporâneo.

sexta-feira, outubro 22, 2004

Salut Erasmus!

A experiência Erasmus é uma verdadeira experiência de partilha. Procura-se conhecimento em outros contextos sociais e científicos. Recorro a este exemplo da Joana para constatar que a cultura e o ensino do design pode partir de um enunciado universal. Por isso é que o Erasmus é também uma nova formulação de vida para as novas gerações. Por isso então: salut Erasmus!

Adriano Rangel 22.10.2004

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Salut!

     O meu nome é Maria Joana Marques e estou neste momento a fazer ERASMUS em St. Etienne. Cheguei dia 27 de Setembro e tenho de confessar que fiquei um pouco desiludida, a cidade está muito suja e  a partir das 21h as pessoas desaparecem das ruas! No entanto já fiz amigos, estou a morar numa residência de estudantes perto da faculdade e as coisas parecem, agora, começarem a assentar e a fazer sentido. Já fiz uma viagem a Praga, que adorei, para aproveitar a calma que pairava por esta faculdade quando cheguei e agora começa o trabalho!
     Aqui não existem propriamente aulas, temos professores de varias áreas que podemos consultar consoante o género de trabalho que optamos por fazer.O que eles chamam de “rendez-vouz”. Se decidir trabalhar com fotografia falo
com um professor, se decidir fazer um trabalho teórico falo com outro e assim sucessivamente. Mais ou menos como será o 2º sementre aí no Porto pelo que percebi. Os alunos de cá estão a desenvolver apenas um trabalho anual,
daí este modo de trabalho. Para os alunos de ERASMUS os professores propuseram um trabalho sobre St. Etienne (  “Inventez St Etienne"). Podemos desenvolvê-lo da maneira que quisermos, é totalmente livre. Temos de ir falando sobre o projecto com o professor que escolhermos e entregar no fim de Janeiro para depois se fazer uma exposição. Também estou a pensar experimentar serigrafia e gravura que fazem parte do curso de pintura .

     De dia 1 a dia 17 de Novembro a escola vai encerrar devido a Bienal de Design. Eu e alguns colegas de ERASMUS estamos a pensar fazer algo para participar nesta exposição, provavelmente algo relacionado com a visão dos alunos estrangeiros sobre este evento, mas ainda estamos a iniciar o processo de criação! No entanto, vamos com certeza ajudar a montar a bienal e deste modo ate temos direito a um passe de acesso a todos os espaços com
exposição!
     Para terminar preciso de perguntar se os meus planos de estudos aqui estão de acordo com o pensamento da escola em relação aos estudantes de erasmus.

     Au revoir!

     Aguardando uma resposta,

     Maria Joana Marques

terça-feira, outubro 12, 2004

Novo guia Erasmus - 2004/05

Para vosso conhecimento, embora a parte aplicável aos alunos do 5º ano seja a essencialmente a parte relativa a avaliações:


Guia Socrates/Erasmus
FBAUP 2004/05

No ano lectivo que agora se inicia, o programa Erasmus na FBAUP está a aprovar uma série de alterações processuais que visam tornar as mobilidades mais eficientes e todos os processos de conversão mais expeditos e rigorosos. Algumas destas mudanças derivam de acordos internos na UP, outras derivam da experiência adquirida na própria Faculdade em anos anteriores.

As candidaturas a uma mobilidade Erasmus irão decorrer em Janeiro de 2005, em datas a anunciar oportunamente. Haverá uma sessão de esclarecimento aquando da abertura de candidaturas.

Novas regras de candidatura.
Os alunos que desejarem candidatar-se a uma mobilidade Erasmus terão de preencher os seguintes requisitos:
1. Devem estar inscritos na FBAUP e ter propinas em dia.
2. Devem estar a frequentar o 3º, 4º ou 5º ano do curso aquando da mobilidade Erasmus.
3. Devem ter conhecimentos suficientes de inglês ou da língua do país onde se pretendem deslocar.
4. Devem preencher os formulários de candidatura a mobilidade, disponíveis no gabinete Erasmus.
5. Devem procurar informação sobre as Escolas parceiras a que se desejam candidatar.
(O gabinete Erasmus possui brochuras e catálogos de algumas das Escolas parceiras, bem como comentários de alunos que realizaram mobilidades anteriores. É igualmente esperado que os alunos procurem informação adicional na internet e junto dos colegas e professores que já visitaram as Escolas em causa. O gabinete Erasmus tem disponível para consulta a lista de professores que já visitaram Escolas parceiras.)
6. Devem possuir endereço de e-mail a funcionar e consultado regularmente. Este é o modo de comunicação mais expedito e económico, e será através de e-mail que grande parte das comunicações será efectuada.
7. Devem entregar, junto com os formulários de candidatura, um portfolio representativo do seu trabalho, que seguirá junto com os formulários para a Escola anfitriã. Este portfolio pode ser em formato de álbum, CD, ou outro que o aluno entender apropriado para a Escola a que se candidatar. Alunos que não entreguem portfolio na altura da candidatura serão automaticamente desclassificados.
8. Devem entregar, junto com os formulários de candidatura, uma carta de intenções onde justificam as razões de terem escolhido as três primeiras Escolas que escolheram no formulário de candidatura. Alunos que não entreguem esta carta na altura da candidatura serão automaticamente desclassificados.


Novos critérios de seriação e colocação dos alunos.
O juri de colocação dos alunos será constituido por três professores da FBAUP, a nomear aquando da abertura de candidaturas. Esse juri seguirá os seguintes critérios:
1. O cumprimento das normas acima descritas. Sem o preenchimento total das condições acima descritas, o aluno será automaticamente desclassificado.
2. Prioridade aos alunos do 5º ano.
3. Adequação do perfil do candidato às áreas de estudo da Escola parceira.
4. Média das disciplinas nucleares e maior número de disciplinas concluídas com sucesso.
5. No caso de as alíneas anteriores não serem conclusivas, os alunos devem estar disponíveis para uma entrevista com o painel de professores encarregue da colocação.

Uma vez colocados numa Escola parceira, os alunos deverão contactar os professores da FBAUP do ano lectivo seguinte, para assegurarem a equivalência do programa que vão realizar na Escola anfitriã. Poderão também contactar (por e-mail ou telefone) o gabinete Erasmus da Escola para onde vão, no caso de necessitarem de esclarecimentos ou de ajuda para obterem alojamento.

Na Escola parceira, o aluno deve certificar-se que recebe uma classificação segundo o sistema ECTS (que será convertida para a escala de 0 a 20 em vigor na FBAUP aquando do seu regresso, seguindo as médias das classificações na FBAUP).
A classificação obtida em Erasmus terá pesos diferentes na nota final da FBAUP, dependendo da duração da estadia Erasmus:

3 - 4 MESES:
O aluno traz a nota ECTS da escola parceira, que será traduzida para a escala de valores da FBAUP. Esta classificação terá carácter informativo, dado ser parcial.
Deve ainda o aluno apresentar o trabalho desenvolvido durante a estadia em Erasmus aos seus professores na FBAUP.
Pela nota final será sempre responsável o professor da FBAUP, visto a avaliação em Erasmus ser correspondente a uma fracção de semestre.

1 SEMESTRE:
A avaliação da Faculdade de origem será traduzida, pelo sistema ECTS, na avaliação da FBAUP.
A classificação assim obtida será correspondente ao referido semestre. No caso da nota corresponder ao segundo semestre, esta terá que ser pesada com a nota do primeiro semestre pelo professor da FBAUP, produzindo assim a nota final do ano, da responsabilidade do professor da FBAUP.

1 ANO LECTIVO:
As notas da Faculdade de origem são convertidas pelo sistema ECTS, correspondendo automaticamente às avaliações finais, salvaguardando as equivalências que devem ser estabelecidas antes da mobilidade.
É de salientar a necessidade de os alunos verem o seu plano de estudos aprovado pelos respectivos professores da FBAUP antes de realizarem a sua mobilidade Erasmus, e de os informarem de eventuais mudanças a esse plano durante a sua estadia no estrangeiro. Neste caso, os alunos devem contactar o Gabinete Erasmus em Maio de 2005, para que se possa aprovar atempadamente o seu plano de estudos para o ano inteiro.

Aquando do regresso de mobilidade Erasmus, os alunos serão convidados a preencher um formulário de 'feedback', consultável por colegas que queiram fazem uma mobilidade Erasmus em anos lectivos futuros

O gabinete Erasmus organizará encontros mensais, supervisionados pelo Coordenador, com vista a manter um contacto e actualização permanentes entre alunos, e dar as boas-vindas a alunos estrangeiros recém-chegados. A calendarização destes encontros será afixada na vitrine à entrada do gabinete.

O gabinete encontra-se aberto para atendimento de segunda a quinta-feira, das 9h30 às 12h30.
O gabinete não abre para atendimento às sextas-feiras.

O coordenador Erasmus encontra-se no gabinete todas as terças-feiras das 10h às 12h30.

Toda a correspondência deve ser dirigida a:
erasmus@fba.up.pt

A equipa Socrates/Erasmus deseja a todos as melhores mobilidades europeias em 2004/2005!

Heitor Alvelos - coordenador SocratesErasmus
Júlio Dolbeth - coordenador ECTS
Joana Cunha - funcionária administrativa.

sexta-feira, outubro 08, 2004

Documento de Estrutura Curricular - 5º ano 2004/05

Documento de estrutura do 5º ano para 2004/05


Razões para este documento:
1. É a tentativa de efectivação de um desejo já antigo de atribuir ao 5º ano o espaço cientifico-pedagógico de projecto final de curso.
2. Permite estratégias de trabalho mais fluidas (e curiosamente mais sólidas), para além de libertar tempo e espaço mental para o desenvolvimento de investigação e projectos editoriais (no caso dos professores) e de investigação e preparação de vida profissional (no caso dos alunos).
3. Faz convergir estratégias pedagógicas e estabelece dinâmicas fortes entre as várias áreas, salvaguardando a autonomia cientifico-pedagógica de cada docente.
4. Cumpre e antecipa as inevitáveis alterações curriculares solicitadas pela União Europeia, abrindo caminho à transformação do 5º ano em 1º ano de Mestrado.

A estrutura do ano lectivo dividir-se-á em dois momentos curriculares distintos e sequenciais:

Primeiro momento (10 semanas, até ao Natal): período lectivo cumprido em formato de aulas, em todas as disciplinas, onde se consolida um reportório de formação dos alunos na expectativa de projectos individuais. Existirá um registo de presenças de alunos em todas as aulas, para fins estatísticos e de avaliação.

Segundo momento (18 semanas, até final do ano lectivo): adopção de um modelo pedagógico de desenvolvimento de projectos individuais.

Os alunos serão organizados em grupos de cerca de doze, a distribuir por todos os professores do 5º ano, em que cada docente terá a seu cargo a orientação dos projectos desses (cerca de) doze alunos. A distribuição dos alunos por docentes será feita no início de Janeiro, na medida das vocações e vontades demonstradas pelos mesmos.
Neste segundo momento, as aulas distintas por disciplina cessariam, sendo substituídas por um conjunto de acções pedagógicas da responsabilidade de cada docente e dirigidas ao grupo de alunos a seu cargo. O aluno teria que se reportar apenas ao docente responsável, salvo quando o referido docente entenda que deve encaminhar o aluno para orientação adicional por outro(s) colega(s).

Este período será suportado por um diagrama que contempla as seguintes áreas e respectivos docentes:
Narrativas Visuais. Adriano Rangel (Fotografia) jrangel@fba.up.pt
História e Teoria do Design. Beatriz Gentil (Desenho Gráfico) beatrizgentil@netcabo.pt
Design Editorial. Eduardo Aires (Grafismo Publicitário e Editorial) eduardo@eairesdesign.pt
Crítica e Investigação em Design. Heitor Alvelos (Desenho Gráfico) halvelos@fba.up.pt
Multimedia e Artes do Tempo. Vítor Almeida (Cine-video) vitoralmeida@gmail.com
Design e Consciência Social. Vítor Martins (História da Comunicação) vmartins@fba.up.pt


Avaliações
A primeira avaliação formal corresponderá ao trabalho desenvolvido no primeiro momento acima descrito; os alunos serão avaliados a cada disciplina em separado. Esta avaliação será integrada do sistema de avaliação contínua, segundo a legislação em vigor.

Uma segunda avaliação, informal, decorrerá por volta da 18ª semana lectiva, e corresponderá a um ponto da situação relativo ao projecto em curso.

A segunda avaliação formal, no final do ano lectivo, será, em primeira instância, definida pela classificação da responsabilidade do docente orientador do projecto. Será ainda complementada, para efeitos de classificação disciplina a disciplina, pelas informações respeitantes ao primeiro momento do ano lectivo e pela informação recolhida por cada docente nos ´foruns´ a realizar mensalmente.


Aos alunos será exigido:
- O cumprimento dos projectos propostos em aula, até Dezembro de 2004.
-    A nomeação de uma área central no seu projecto, e correspondente professor responsável, a acontecer na segunda semana de Janeiro, entre as disciplinas / professores do 5º ano.
-    O desenvolvimento (individual ou em grupo) de um projecto autónomo.
-    Presença em ´foruns´ do 5º ano, de periodicidade mensal, com a comparência de todos os docentes e alunos, para apresentação de projectos em curso.
-    A presença semanal em tutorial com o docente responsável pelo seu projecto.
-    A apresentação do seu projecto no final do ano lectivo, em moldes aproximados aos já vigentes.

Aos docentes será exigido:
-    Um número mínimo de aulas por mês (a estabelecer), por forma a apresentar matéria relevante da sua área de especialidade, manter e incentivar dinâmicas de grupo e passar a informação importante a todos os alunos pelos quais é responsável.
-    O cumprimento da carga horária atribuida através de aulas, tutoriais individuais e visitas de estudo.
-    Presença em ´foruns´ mensais, com todos os professores e alunos, para coordenação transversal.

Em todo o processo, é salvaguardada a autonomia cientifico-pedagógica de cada docente.

Serão ainda contempladas, durante o ano lectivo, situações de estágio e de projecto para entidades parceiras. Estas situações serão acompanhadas caso a caso, por um conjunto de docentes a nomear em função da natureza da parceria.

A coordenação do ano lectivo estará a cargo dos docentes Beatriz Gentil e Adriano Rangel.

Blog de 5º ano, 2004/05
www.quintoanodesign.blogspot.com