sábado, maio 07, 2005

a distância e a relação eu/outro.

Joana Campos + Zé Duarte
ZéDuarte
“Aquilo que a fotografia reproduz até ao infinito só aconteceu uma vez: ela repete mecanicamente o que nunca mais poderá repetir-se existencialmente”
Roland Barthes – A câmara clara. Lisboa: Edições 70, 1998.

O operador, ao fotografar, corta o fluxo natural da vida transformando a forma do que era íntegro em parcial e o tempo que era contínuo em fragmento.
Dando continuidade aos exercícios fotográficos de modo a melhor compreender noções como campo e contracampo, percursos do olhar, punctum e intersubjectividade, foram criadas novas imagens que permitem a quem observa situar-se no espaço e no tempo. Isto porque são apresentados simulacros de uma mesma cena por meio de dois pontos de vista, incorporando grafismos relativos à geografia dos locais em que foram captadas as imagens – que acrescentam um novo elemento ao diagrama (Observação, Percepção, Representação) do projecto.
O exercício realizado na Estação de Metro Campo 24 de Agosto funciona em pares, apresentando cada um deles a mesma situação, no mesmo espaço, segundo duas perspectivas reforçadas pelo campo e contracampo, que permitem ao observador presenciar dois olhares do mesmo momento.
OMNIPRESENÇA – é esta incapacidade da condição humana que se pretende abordar. Recorrendo a meios como a fotografia, a cartografia (INSTITUTO GEOGRÁFICO DO EXÉRCITO), sistemas de GPS e, provavelmente, o vídeo, este projecto tem como ambição proporcionar ao espectador/visitante/utilizador experiências que, pela limitação que nos caracteriza, nunca poderia presenciar – como uma entidade superior que nos observa, de qualquer coordenada.
Perante a impossibilidade de visionar mais do que uma perspectiva, o propósito é o de tornar menor a distância que separa o olhar de um do olhar do outro – questão metafísica, transcendente.
Para este ponto, autores como Emmanuel Lévinas será fundamental, na medida em que ajudará a perceber a distância e a relação eu/outro.
Futuramente, o trabalho irá passar pela montagem e organização de todo o material existente, estabelecendo relações de modo a criar narrativas visuais relacionadas com os conceitos deste projecto.


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Roland Barthes
Emmanuel Lévinas