quarta-feira, abril 27, 2005

A Condição Humana

Dária Joana Teixeira Salgado
2º texto actualizado correspondente à data 03-04-05

1ª fase _ num acto isolado, o indivíduo reflecte sobre a sua condição, o seu passado, a sua história
_ reflexão da condição humana através da fotografia

‹‹A realidade está em constante mudança, o que está à volta é efemero e existe um movimento constante que nos
leva à dissoluçaõ››, José Miguel Cortés, Orden y Caos.

‹‹A imagem fotográfica de um rosto é sempre uma imagem do passado e, portanto, virtualmente, um prenúncio de
morte›››, Eduardo Geada, no texto Depois do Cinema do livro Relação Imagem Cinematográfica - Representação do Real.

Fotografia _ a procura da identidade (a condição humana) através do duplo
Através do artifício da fotografia alguns indivíduos são representados inseridos num
ambiente paisagem pedindo-lhes que se deixem observar sem que eles próprios observem o dispositivo fotográfico - mediador entre a realidade e a ficção. O plano médio é o enquadramento escolhido para as várias situações representativas (7 pessoas – 7 representações) porque permite destacar um rosto “perdido” num ambiente, neste caso a paisagem natural, conferindo-lhe uma dimensão poética à solidão. Cada momento registado é convertido numa imagem que vai corresponder ao duplo de cada indivíduo, esta imagem recriada ou reproduzida serve como aparência isolada de cada rosto no local e no tempo para que cada indivíduo num acto isolado observe a sua própria representação, ao mesmo tempo que se deixa novamente fotografar. Daqui resulta uma nova representação - a representação da representação, a sincronização de tempos diferentes (presente e passado), o espelho, o duplo, a dupla representação...a fronteira entre a ficção e a realidade, ou seja, a junção do original e do reflexo. A tentativa de alcançar a realidade lembra-nos a nossa natureza efémera, da ordem dos reflexos e temporária, "relembra-nos a nossa transitoriedade, as formas ficam, permanecem, nós é que permutamos" Jorge Molder, no texto Duplex, do livro Michelangelo Pistoletto e la Fotografia.

‹‹ Os homens são seres solitários, cada um tem o seu círculo››, retirado do filme de Alexandre Sokurov, O Dia do Eclipse.

‹‹ A maior diferença entre uma pessoa e um cão é que o cão é feliz porque não sabe o que é a morte; o homem, sabendo, é menos feliz. Deus castigou-nos, não quando nos expulsou do paraíso, mas quando nos mostrou o mistério da morte››, Alexandre Sokurov, Cinemateca Portuguesa - Museu do Chiado.


Diagrama correspondente às imagens
1º momento_ indivíduo inserido na paisagem = 1ª representação fotográfica
2º momento_confronto do indivíduo com a sua própria representação = 3ºmomento_ 2ª representação fotográfica
paisagem = representação do mundo no sentido global, funciona como elo de ligação entre a humanidade
rosto = medium representação do mundo, espelho da alma e a própria alma espelho do mundo
duplo = imagem espectro do homem,consciência de si próprio = existência =condição humana
sombra = é a grande metáfora daquil que não é, confunde-se com o real, Homem + sombra = testemunho da existência

dária duplo