Urban Pioneer Project
O interior do frigorífico diz muito sobre a personalidade do seu dono. Uma prova de celulóide? Marilyn Monroe guardava a roupa interior no congelador em "O Pecado Mora ao Lado" e, de facto, não havia vizinha mais escaldante no húmido Verão de 1955 do que aquela loira. Este é um dos princípios do Urban Pioneer Project, que tempera os perfis dos jovens que agrega com fotos do seu frigorífico, mas também da sua sala, do armário dos medicamentos e do seu restaurante ou bebida preferida. São algumas das coisas que têm em comum milhares de alvos de uma experiência cujo objectivo é cristalizar a energia muito especial que há em viver numa cidade e ter uma mente criativa.
O mentor do projecto e Pioneiro 001, Andrew van Hook, acha importante que os pioneiros como ele saibam pequenos detalhes da vida de cada membro. Fazer parte do Urban Pioneer Project (UPP) é um bilhete para entrar num espaço de "voyeurismo" com uma desculpa: todos têm de partilhar.
(...)
Montam projectos, mostram o seu trabalho, trocam ideias e, como se escreve no mostruário "online" (em www.urbanpioneerproject.com), gera-se espontaneamente uma perigosa concorrência a outros magazines. Os Pioneiros Urbanos, quando se revelam e ao seu trabalho, sabem o que mexe e o que é "cool" "muito antes de as novidades aparecerem na tua revista brilhante". É que tal como na moda, o que se passa nas ruas precede largamente o que se passa nos cérebros dos criadores mais instituídos. No UPP, isso prova-se no início de tudo. O Urban Pioneer Project encetou a sua divulgação com cartazes simples com fundo de uma única cor e com silhuetas de homens ou mulheres a branco, ou vice-versa. Espalhados pelas tais zonas da cidade escolhidas pelas almas mais dinâmicas para viver ou conviver, estavam em Manhattan, Brooklyn, e também em Copenhaga, Berlim, Joanesburgo ou Tóquio em pouco tempo, graças aos pioneiros recém-aderentes que abraçavam a missão de divulgar o projecto nas suas urbes.
(...)
Para ser membro, "qualquer pessoa pode candidatar-se, mas não podemos aceitar toda a gente para o projecto", sob pena de se tornar disperso e de os participantes não se identificarem uns com os outros. "Por isso, para mantermos a nossa experiência precisa, não incluímos participantes de pequenas cidades e zonas rurais. Mas encorajo alguém a começar um 'Rural Pioneer Project'!", incita o mentor.
(...)
Os participantes lucram de várias formas ao entrar nesta comunidade de acesso limitado. Podem mostrar o seu trabalho a outros que, como eles, se revelam "online" e descobrir parceiros para projectos futuros. E, como bónus, "têm a oportunidade de registar os seus pensamentos e excertos das suas vidas, que podem revisitar no futuro", alicia Andrew van Hook a partir de Nova Iorque. "Tornam-se uma pequena parte do registo histórico." Além disso, graças ao seu próprio valor, "os pioneiros com perfis atraem muitos visitantes para os seus próprios 'sites' e tornaram-se pequenas celebridades na sua comunidade".
Para espreitar a vida destes motores citadinos, é ver o número 2 da revista do projecto, que está "online" e usa as maravilhas da Internet para ser um suporte multimédia de exposição dos trabalhos dos protagonistas. Podemos ver a música, os quadros, a loja, os videojogos, a marca de roupa ou as entrevistas a alguns dos pioneiros e os resultados do concurso de "T-shirts" do UPP, um espelho do que vai nas cabeças de pessoas de todo o mundo e em que George W. Bush e o sexo são uma assombração constante.
A cooperativa abre uma porta para o trabalho de pessoas que, de outra forma, dificilmente se conheceriam e que só em circunstâncias improváveis colaborariam entre si. Volátil como uma experiência química, assenta em fundações virtuais e pressupostos igualitários que, quando se aplicam a um grupo populacional disperso e heterogéneo, juntam água e azeite. Usa a Internet para saltar fronteiras e serve-se de todas as suas potencialidades para construir um edifício babélico que tem tanto de mostruário quanto de cápsula do tempo, mas quer seguir tão longe quanto as estradas da informação permitirem.
(...)
O Urban Pioneer Project tem cinco fases de execução. Encontra-se actualmente na segunda. Mas, no mesmo espírito que os define, o que isto significa e o que reserva o futuro para estes jovens agitados é um mistério. "Têm de esperar para ver."
Extractos de artigo "Criativos Os Pioneiros Urbanos Querem-no na Sua Lista de Alvos a Manter", de Joana Amaral Cardoso
Publico, 21 de Novembro de 2004
Texto inserido no contexto da disciplina de Fotografia II (Adriano Rangel)
O mentor do projecto e Pioneiro 001, Andrew van Hook, acha importante que os pioneiros como ele saibam pequenos detalhes da vida de cada membro. Fazer parte do Urban Pioneer Project (UPP) é um bilhete para entrar num espaço de "voyeurismo" com uma desculpa: todos têm de partilhar.
(...)
Montam projectos, mostram o seu trabalho, trocam ideias e, como se escreve no mostruário "online" (em www.urbanpioneerproject.com), gera-se espontaneamente uma perigosa concorrência a outros magazines. Os Pioneiros Urbanos, quando se revelam e ao seu trabalho, sabem o que mexe e o que é "cool" "muito antes de as novidades aparecerem na tua revista brilhante". É que tal como na moda, o que se passa nas ruas precede largamente o que se passa nos cérebros dos criadores mais instituídos. No UPP, isso prova-se no início de tudo. O Urban Pioneer Project encetou a sua divulgação com cartazes simples com fundo de uma única cor e com silhuetas de homens ou mulheres a branco, ou vice-versa. Espalhados pelas tais zonas da cidade escolhidas pelas almas mais dinâmicas para viver ou conviver, estavam em Manhattan, Brooklyn, e também em Copenhaga, Berlim, Joanesburgo ou Tóquio em pouco tempo, graças aos pioneiros recém-aderentes que abraçavam a missão de divulgar o projecto nas suas urbes.
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Para ser membro, "qualquer pessoa pode candidatar-se, mas não podemos aceitar toda a gente para o projecto", sob pena de se tornar disperso e de os participantes não se identificarem uns com os outros. "Por isso, para mantermos a nossa experiência precisa, não incluímos participantes de pequenas cidades e zonas rurais. Mas encorajo alguém a começar um 'Rural Pioneer Project'!", incita o mentor.
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Os participantes lucram de várias formas ao entrar nesta comunidade de acesso limitado. Podem mostrar o seu trabalho a outros que, como eles, se revelam "online" e descobrir parceiros para projectos futuros. E, como bónus, "têm a oportunidade de registar os seus pensamentos e excertos das suas vidas, que podem revisitar no futuro", alicia Andrew van Hook a partir de Nova Iorque. "Tornam-se uma pequena parte do registo histórico." Além disso, graças ao seu próprio valor, "os pioneiros com perfis atraem muitos visitantes para os seus próprios 'sites' e tornaram-se pequenas celebridades na sua comunidade".
Para espreitar a vida destes motores citadinos, é ver o número 2 da revista do projecto, que está "online" e usa as maravilhas da Internet para ser um suporte multimédia de exposição dos trabalhos dos protagonistas. Podemos ver a música, os quadros, a loja, os videojogos, a marca de roupa ou as entrevistas a alguns dos pioneiros e os resultados do concurso de "T-shirts" do UPP, um espelho do que vai nas cabeças de pessoas de todo o mundo e em que George W. Bush e o sexo são uma assombração constante.
A cooperativa abre uma porta para o trabalho de pessoas que, de outra forma, dificilmente se conheceriam e que só em circunstâncias improváveis colaborariam entre si. Volátil como uma experiência química, assenta em fundações virtuais e pressupostos igualitários que, quando se aplicam a um grupo populacional disperso e heterogéneo, juntam água e azeite. Usa a Internet para saltar fronteiras e serve-se de todas as suas potencialidades para construir um edifício babélico que tem tanto de mostruário quanto de cápsula do tempo, mas quer seguir tão longe quanto as estradas da informação permitirem.
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O Urban Pioneer Project tem cinco fases de execução. Encontra-se actualmente na segunda. Mas, no mesmo espírito que os define, o que isto significa e o que reserva o futuro para estes jovens agitados é um mistério. "Têm de esperar para ver."
Extractos de artigo "Criativos Os Pioneiros Urbanos Querem-no na Sua Lista de Alvos a Manter", de Joana Amaral Cardoso
Publico, 21 de Novembro de 2004
Texto inserido no contexto da disciplina de Fotografia II (Adriano Rangel)
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